"Estivemos muito próximos de uma ruptura institucional', afirma Lewandowski, ministro aposentado
Ministro aposentado ainda elogiou aprovação de Zanin para sua vaga no Supremo
O ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou do Supremo Tribunal Federal (STF) em abril, afirmou que os ataques golpistas do 8 de janeiro foram indicativo de que o país esteve "muito próximo de uma ruptura institucional". Na ocasião, vândalos invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em atos que incitaram um golpe de Estado.
— Eu diria, como quem foi testemunha ocular tanto no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) quanto no STF, que estivemos muito próximos de uma ruptura institucional. Todos os indícios que tínhamos à nossa frente indicavam isso. Havia a colocação em dúvida do sistema eleitoral, ataques a ministros do TSE e do STF, os ministros também tinham dificuldade em se locomover pelo país — afirmou Lewandowski, em entrevista à GloboNews.
Para o magistrado, o "momento terrível para a história brasileira", fazendo referência às invasões que ocorreram no começo de janeiro, e que "indícios mais contundentes que esses de uma ruptura democrática" são "difíceis de conseguir".
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Elogios a Zanin
O magistrado, que se aposentou em abril, também elogiou a aprovação do advogado Cristiano Zanin para a sua vaga no STF. O indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou pelo escrutínio do Senado nesta quarta-feira. Para Lewandowski, a escolha foi acertada para o atual momento político que, segundo ele, pode se beneficiar com a chegada de um ministro de perfil garantista.
— Eu penso que ele é um cara extremamente experimentado e vai se encaixar perfeitamente na Primeira Turma e no plenário. Precisamos de pessoas lúcidas e bem intencionadas — afirma o ministro, que continua: — Entendo que o nosso ministro Zanin preenche todas as condições para ser um excelente ministro.
Vaga de Rosa Weber
Após a oficialização de um nome para preencher a vaga deixada pelo ministro no STF, os olhos se voltam para a próxima cadeira a ficar desocupada — a da ministra Rosa Weber, presidente da Corte, que deve se aposentar em 2 de outubro.
Embora haja uma pressão da sociedade para que a nova vaga seja ocupada por outra mulher, para manter a representatividade no colegiado, Lewandowski afirma que a característica mais importante ao futuro magistrado é que tenha "uma visão sintonizada" a que a sociedade tem do ordenamento jurídico.
— O presidente é o melhor intérprete para indicar a pessoa que representa a visão para a vaga. Parece que não há necessidade de que seja uma mulher, uma pessoa de determinada procedência ou determinada característica. É preciso que tenha uma visão sintonizada que a sociedade tem do ordenamento jurídico — destaca o ministro, que pondera: — Pessoalmente, entendo que o STF seja o mais plural possível, e talvez seja importante manter ou mesmo aumentar a representação que temos de mulheres.