Estratégia de comunicação do governo Lula para crise dos deportados evitou 'afronta' aos EUA
Tom adotado por equipe de Sidônio segue estratégia desenhada pelo Planalto e Itamaraty
A estratégia de comunicação do governo na crise dos deportados brasileiros que chegaram algemados no Aeroporto de Manaus no sábado partiu da premissa de que o posicionamento deveria ser apresentado de maneira firme, mas sem afrontar os Estados Unidos.
De acordo com integrantes da gestão petista, os vídeos publicados no perfil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governo federal previram um posicionamento direto, demonstrando que os deportados são trabalhadores, crianças e famílias e que são bem-vindos de volta ao Brasil.
As peças humanizaram os brasileiros que retornavam dos EUA, mas evitaram, por decisão do comando da Secom, usar palavras que soassem como provocativas ao governo americano, assim como também dispensaram termos como "acorrentados", "algemas" e "afronta".
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A ordem era dar um tom de "nacionalismo afirmativo", sem entrar em conflito ou dar motivo para interpretações que gerassem ruído com o governo de Donald Trump. Internamente, a avaliação é que o Planalto não poderia dar munição para reações da Casa Branca.
As peças que foram publicadas nas redes sociais de Lula e do governo foram roteirizadas, produzidas e finalizadas pela equipe de Sidônio ainda no final de semana, sem que agências de publicidade do governo fossem contatadas.
O tom adotado pela equipe de Sidônio nas peças segue a estratégia desenhada pelo Palácio do Planalto e pelo Itamaraty ao tratar do caso. Como mostrou O Globo, o governo Lula quer conduzir as discussões sobre imigração com os Estados Unidos sem fazer alarde. A ordem do presidente é agir com discrição, no estilo "low profile".
Ex-embaixadores do Brasil nos Estados Unidos também têm recomendado cautela e o exercício da diplomacia, sem impulsividade. Com pedido de esclarecimento sobre o tratamento dado aos brasileiros antes de qualquer reação mais efusiva.