Ex-comandante preso diz que não recebeu ordens para impedir invasão de bolsonaristas à Esplanada
Em depoimento à PF, Fábio Augusto Vieira declarou que o setor de inteligência apontava que não havia indicativo de ações violentas no ato
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Em depoimento à Polícia Federal, o ex-comandante da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Fábio Augusto Vieira garantiu que não recebeu ordens para impedir o deslocamento dos bolsonaristas à Esplanada dos Ministérios, ação que culminou com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, uma semana depois da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Vieira também afirmou que o Exército teria impedido a prisão de golpistas pela PMDF.
O ex-comandante, que foi exonerado um dia após os atos e preso na última terça-feira, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, declarou que o setor de inteligência apontava que não havia indicativo de ações violentas no ato — que já era esperado pelos órgãos de segurança pública. O depoimento dele foi obtido com exclusividade pela CNN.
Segundo o policial, “não havia indicativo de desordem ou violência” mesmo durante escolta policial realizada na descida dos bolsonaristas até a Praça dos Três Poderes. As ações promovidas pela PMDF naquele domingo, garante Vieira, seguiram as atribuições estabelecidas no Protocolo de Ações Integradas nº 2/2023.
As atribuições são pactuadas entre “os órgãos e agências interessados” durante reunião feita na Secretaria de Segurança Pública com a presença de comandantes da PM da área central de Brasília, representantes da secretaria e de órgão federais, como o Ministério da Justiça, o Gabinete de Segurança Institucional, a Agência Nacional de Inteligência (Abin) e do Supremo Tribunal Federal (STF). Fábio afirma não ter participado da reunião.
Para se livrar da responsabilidade pelos atos de vandalismos e golpistas, Fábio Augusto disse que foi comunicado, “apenas na madrugada de sábado (7)”, sobre a chegada de novos ônibus de bolsonaristas em Brasília. “Até então, a inteligência havia identificado poucos veículos, o que corroborava a informação de uma reunião sem indicadores de violência”, garantiu.
O ex-comandante, quando soube do maior fluxo de bolsonaristas, questionou o comando operacional responsável pela ação de monitoramento dos atos e foi informado que “o contigente [de policiais] era suficiente” para manter a ordem. Ele também apontou erros na segurança da Praça dos Três Poderes: o gradil, que é responsabilidade do Congresso Nacional, estava posicionado de maneira errada e “não havia contingente suficiente da Polícia Legislativa e não havia policiamento suficiente no Planalto, que é de responsabilidade do Exército”.
Fábio afirmou ter agido de maneira enérgica e ter se envolvido na contenção dos golpistas. Ele disse ter sido “ferido em combate com vândalos” e entrado “em luta corporal com manifestantes”, além de determinar “a detenção de todos”.
Um dos fatores que dificultaram “o fluxo de informações” para o comando da PM, antes dos atos ocorrerem, foi, segundo ele, as trocas de comando na PMDF que o ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres realizou.
s trocas de comando na PMDF, realizadas pelo ex-secretário da Segurança Pública Anderson Torres, também foram apontadas por Fábio como um fator que dificultou “o fluxo de informações” para o comando da PM, antes dos atos ocorrerem.