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Ex-diretor da Odebrecht diz em documentário que foi pressionado pela Lava-Jato para citar Lula

'Amigo Secreto', que tem pré-estreia nesta segunda-feira, conta com depoimento de Alexandrino de Alencar, um dos principais delatores da Operação

Sede da OdebrechtSede da Odebrecht - Foto: Reprodução

Ex-diretor da Odebrecht, Alexandrino de Alencar, um dos principais delatores da Operação Lava-Jato, afirmou ter sofrido pressão dos procuradores para citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua colaboração. O depoimento foi dado à equipe do documentário “Amigo Secreto”, que tem pré-estreia nesta segunda-feira e chega aos cinemas de todo o país na quinta-feira, dia 16.

O teor do relato do delator foi antecipado pela "Folha de São Paulo" e confirmado pelo GLOBO. O executivo da Odebrecht, no documentário dirigido pela cineasta Maria Augusta Ramos, disse que foi pressionado para ir “no limite da verdade” e que “estava nítido que a questão era com Lula.”

Alexandrino disse que os investigadores insistiam em perguntas sobre familiares do ex-presidente e palestras feita pelo petista. Ele afirmou que os procuradores não aceitavam seu acordo, ao não obterem respostas consideradas por eles satisfatórias por não envolver o ex-presidente.

— Nós levávamos bola preta, 'ah, você não falou o suficiente'. Vai e volta, vai e volta. 'Senão, não aceitamos o teu acordo -- contou o ex-executivo no documentário.

Aos entrevistadores do documentário, Alexandrino disse que, pressionado, chegou “no limite da minha verdade”. E afirmou que muitos delatores mentiram para terem suas penas reduzidas.

— Se eu falasse mais, eu estaria inventando. Estaria contando uma mentira, como aconteceu com alguns (delatores) que você sabe, notórios, que mentiram para tentar escapar — disse.

— Eu contei a verdade. Eu cheguei no limite da minha verdade — completou.

A delação de Alexandrino era apontada por procuradores como fundamental para provar a ligação entre o PT e a Odebrecht. O ex-executivo foi um dos delatores que mencionaram as obras no Sítio de Atibaia.

Em 2019, Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses por corrupção e lavagem de dinheiro pelas reformas na propriedade. O ex-presidente já havia sido condenado em outro processo referente ao triplex do Guarujá a 12 anos e um mês de prisão.

Em abril de 2021, as condenações foram extintas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF),. A Corte anulou as decisões do ex-juiz Sergio Moro, considerado suspeito no caso do Triplex.

"Amigo secreto", que conta a história da investigação jornalística que ficou conhecida como Vaza Jato, acaba de ganhar seu primeiro trailer oficial. Dirigido por Maria Augusta Ramos, de "O processo" (2018), o longa debate a troca de mensagens entre Sérgio Moro e os procuradores da operação Lava Jato, além da presença do ex-juiz como ministro do governo de Jair Bolsonaro.

Coproduzido por Brasil, Alemanha e Holanda, o documentário acompanha o trabalho dos jornalistas Leandro Demori, do The Intercept Brasil, e Carla Jimenez, Regiane Oliveira e Marina Rossi, do El País Brasil.

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