Brasília

Exército acerta saída de comandante militar do Planalto, alvo de desconfiança do governo Lula

General Gustavo Henrique Dutra de Menezes deve deixar o posto até março

General Gustavo Henrique Dutra de MenezesGeneral Gustavo Henrique Dutra de Menezes - Foto: Exército do Brasil/divulgação

Um dos alvos das desconfianças do entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após os atos golpistas de 8 de janeiro, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes deve deixar o Comando Militar do Planalto (CMP) até março.

Em fevereiro, o Alto Comando do Exército se reunirá para deliberar sobre as novas promoções de generais. Com isso, abrirá espaço para que outro oficial assuma o comando com sede em Brasília, enquanto Dutra será designado para outra função ainda não definida.

General de divisão, Dutra chegou à chefia do Comando Militar do Planalto em abril de 2022. A mudança não estava prevista, mas a saída será antecipada devida à crise política envolvendo o Palácio do Planalto e a caserna, segundo apurou O Globo. Embora generais não tenham que cumprir um tempo exato de permanência nos postos aos quais são designados, a média, porém, costuma ser de dois anos. Na prática, a saída de Dutra do comando representa uma antecipação, pois não estava programada.

A solução, segundo O Globo apurou, foi costurada pelo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, diretamente com Dutra em uma tentativa de encerrar os “atritos” com o governo Lula e ser menos “traumático” para a Força.

Aliados de Lula acreditam que Dutra pode ter sido leniente com os golpistas que ficaram acampados na frente do Quartel-General. Ao militar, também é atribuída a decisão de não retirar os vândalos que retornaram ao local após a invasão do Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, o general alegou que uma ação noturna para prender as pessoas poderia terminar em violência. Ele citou que havia mulheres, crianças e idosos entre os manifestantes.

Ao agir para abreviar a permanência de Dutra no Comando do Militar do Planalto, general Tomás atende aos pedidos do Palácio do Planalto sobre três militares que causavam desconfiança na Presidência. Segundo militares da cúpula do Exército, a missão agora é dirimir qualquer ponto de tensão entre a Força e o governo.

Nesta semana, o ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, foi barrado no comando do 1º Batalhão de Ações e Comandos, unidade de Operações Especiais, em Goiânia (GO). A designação para o cargo havia sido feita no ano passado e ele assumiria o posto no mês que vem. Oficialmente, Cid apresentou um requerimento solicitando o adiamento para assumir a função para defender nas ações nas quais é alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).

Outro alvo de desconfiança do Planalto, o tenente-coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora antecipará a sua saída do comando do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP), encarregado de proteger as sedes da Presidência da República. A mudança na cúpula da unidade estava prevista para fevereiro, mas foi adiantada para esta sexta-feira. Ele será substituído pelo tenente-coronel Nélio Moura Bertolino. Por sua vez, Fernandes ocupará uma função no Estado-Maior do Comando Militar do Planalto. Fernandes se tornou alvo de pressão do governo após a divulgação de um vídeo em que aparece discutindo com policias militares, enquanto vândalos destruíam o Palácio do Planalto.

General Tomás assumiu foi escolhido para comandar o Exército após o general Júlio César Arruda ter sido demitido no último sábado. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, justificou a troca no comando alegando que houve "fratura de confiança" na relação com o Exército. Arruda resistia a fazer as mudanças na Força que eram pedidas pelo Planalto.

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