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Tribunal Superior Eleitoral

Fachin diz que países como a Rússia 'têm relutado em sancionar cibercriminosos'

Edson Fachin assume a presidência do TSE no próximo dia 22

Proibição determinada por lei do deputado estadual Eyder Brasil (PSL) está suspensa por liminar do ministro Edson FachinProibição determinada por lei do deputado estadual Eyder Brasil (PSL) está suspensa por liminar do ministro Edson Fachin - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Em meio à viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Rússia, que se inicia nesta terça-feira, a aproximação durante o ano eleitoral entre o mandatário brasileiro com o presidente russo, Vladimir Putin, é vista com preocupação por parte da cúpula do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o Globo apurou, essa preocupação se dá pela percepção de que o país europeu adota uma postura pouco contundente em relação à segurança cibernética.

Em manifestação encaminhada com exclusividade à reportagem, o ministro Edson Fachin, que assume a presidência do TSE no próximo dia 22, afirma que "segurança cibernética é ponto relevantíssimo". O ministro, que integra o Supremo Tribunal Federal (STF), ainda afirma que a falta de sanções a cibercriminosos é "muito grave".

"A preocupação aumenta quando se vê países, como a Rússia, que têm relutado em sancionar os cibercriminosos que buscam destruir a reputação da justiça eleitoral e aniquilar com a democracia. Isso é muito grave. Buscamos cooperação institucional, inclusive do Presidente da República; esperamos que seja separada a disputa política da defesa das instituições; atacar a confiabilidade das eleições é atacar a própria missão institucional do Tribunal", disse Fachin.
 

Além de ocorrer em meio às tensões sobre uma possível invasão Rússia à Ucrânia, sob o risco de novos atritos com o bloco de países que integram a Otan, a visita de Bolsonaro a Putin também se dá em um momento em que o TSE avalia, internamente, suspender as atividades do Telegram — um aplicativo russo — durante as eleições de outubro.

A plataforma de mensagens, que não tem representante legal no Brasil, vem sendo contatada desde 2018 pela Corte Eleitoral, sem sucesso. O aplicativo é visto com preocupação pela capacidade de disparos em massa e grupos que permitem a participação de até 200 mil pessoas. Bolsonaro tem grande presença no Telegram, onde mantém um canal com mais de 1 milhão de seguidores.

Para Fachin, "o ano de 2022 definirá o futuro da democracia no Brasil" e, por isso,  é preciso trabalhar com "transparência com as regras do jogo".

"Creio que o nosso principal objetivo é o da transparência com as regras do jogo: um convite à cooperação e à colaboração, sem prejuízo da autoridade própria do Judiciário eleitoral, quando preciso for. Estamos mais que preparados. Há um competente e valoroso quadro de juízes, funcionários e colaboradores da justiça eleitoral. Pedimos a participação e a colaboração de todos. Em reuniões amistosas e convidativas, já fui inclusive até a Presidência da República, do Senado e Câmara.  Recebi pronta acolhida no Parlamento", afirmou ao Globo.

A Rússia tem sido reiteradamente acusada de tentar interferir nas eleições de países da Europa e nos Estados Unidos. Em relatório publicado em setembro de 2021, a Comissão Europeia acusou o país de tentar interferir nos processos democráticos europeus poucos dias antes das eleições parlamentares da Alemanha.

"A União Europeia e seus Estados-membros denunciam veementemente essas atividades cibernéticas maliciosas, que todos os envolvidos devem pôr fim imediatamente. Instamos a Federação Russa a aderir às normas de comportamento do Estado responsável no ciberespaço", disse a Comissão Europeia.

Em abril de 2020, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou um total de 32 grupos e indivíduos russos, incluindo serviços de inteligência, em retaliação ao que foi chamado de "plano deliberado para influenciar as eleições presidenciais" norte-americanas em 2020, espalhando informações falsas sobre Biden durante sua campanha contra o então presidente Donald Trump.

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