Família de Marielle Franco realiza ato no Buraco do Lume, Centro do Rio, após condenação de réus
O local é conhecido por ser palco de políticos do PSOL e abrigar uma estátua da vereadora
Após o 4º Tribunal do Júri do Rio condenar, nesta quarta-feira, os assassinos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a família da vereadora realiza um ato na Praça Mário Lago, conhecida popularmente como Buraco do Lume, no Centro do Rio.
O local é conhecido por ser palco de políticos do PSOL e abrigar uma estátua de Marielle. A mãe da vereadora, Marinete Franco, aproveitou o momento para agradecer pelo apoio recebido e comemorar a vitória na justiça.
"Gostaria de agradecer a cada um que não largou a minha mão. Eles mataram a minha filha e eles vão ter que pagar. Agora a gente está aqui para celebrar, para dizer que nunca estivemos sozinhas. Agradeço por cada ato feito até hoje, eu sobrevivi a um câncer, 4 cirurgias, vivi várias dores. Então, só tenho a agradecer a quem me escutou, quem me ouviu. Eu não estou cansada, eu não me canso, e vamos seguir ", disse.
Já o pai de Marielle, Antônio Francisco, falou sobre ter comemorado a decisão enquanto estava no tribunal e afirmou que essa é uma grande vitória:
"Os assassinos confessos foram uma vitória maiúscula. Essa vitória só foi possível porque vocês caminharam conosco. Hoje eu tive um momento de muita alegria, não tinha como eu me controlar. Essa vitória que nós tivemos hoje, eu quero que ela seja estendida para todos os familiares que estão aqui e já perderam um ente querido."
Já Luyara Franco, filha da vereadora, voltou a se emocionar ao lembrar do longo julgamento.
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A jovem de 25 anos destacou a frieza dos assassinos ao relatarem como foi feita a organização do crime.
"Foi muito difícil ver a frieza com que os réus estavam falando, como se as vidas fossem descartáveis. Eu só queria reiterar que o dia de hoje é de justiça. Vamos continuar honrando e preservando o legado da minha mãe e do Anderson. Agora vamos conseguir dormir um pouquinho mais tranquilos. É só o primeiro passo, ainda temos os mandantes ", pontuou.
Por fim, a irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, relembrou às vezes em que precisou defender a imagem da irmã. A ministra ressaltou que a luta não para.
"A Mari, infelizmente, foi assassinada defendendo e lutando por aquilo em que ela acreditava. Seguimos com o vazio no peito, mas a certeza de que a justiça está sendo feita. Todas as vezes que tive que levantar a voz para defender a minha irmã, eu segui com muito orgulho e continuarei seguindo ", ressaltou.
A condenação
O júri condenou os réus em todos os seis requisitos. Ronnie Lessa foi sentenciado a 78 anos e 9 meses de prisão, e Élcio de Queiroz a 59 anos e 9 meses de prisão. A decisão aconteceu no segundo dia de julgamento, após 2.423 dias dos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes.
Na leitura de sua sentença, a magistrada afirmou que a: "a Justiça por vezes é lenta, cega, torta, mas chega até apara os acusados que acham que jamais serão alcançados pela Justiça".
"A sentença lida agora talvez não traga a justiça. Justiça seria que o dia de hoje não tivesse acontecido e Marielle e Anderson presentes. Dizemos que vítimas do crime do homicídio são aqueles que ficam vivo tendo que sobreviver no esgoto que é o vazio de viver sem aquele que foi arrancado do seu cotidiano ", disse a juíza na sentença.