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ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

FHC defende frente ampla contra Bolsonaro, incluindo PT: 'Eu não discrimino'

Ex-presidente acredita que PSDB deve participar de atos contra o governo convocados por oposição

Ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique CardosoEx-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso - Foto: fhc

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso entende que o PSDB deve participar das manifestações dos partidos de oposição contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. A declaração difere da postura de líderes tucanos que têm sinalizado que existe resistência interna a adesão aos atos junto com o PT, entre outras siglas.

Embora o PSDB nacional tenha decidido recentemente que será oposição ao governo, há contrariedade nas bancadas de deputados e senadores do partido, já que muitos parlamentares são de estados ruralistas e sofrem pressão de eleitorado conservador e evangélico. 

"Não importa quem convoque. Havendo uma convocação que seja possível de participar, dizer o que pensa é bom", afirma o ex-presidente em entrevista ao GLOBO. 
 

A participação nos protestos contra Bolsonaro foi definida em reunião de partidos de esquerda como PT, PSOL, PCdoB, PDT e PV, além de outros de centro, como Cidadania, Rede e Solidariedade. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também deve marcar presença. 

Para o líder tucano, ainda que haja discordâncias entre as siglas, é possível criar uma frente ampla de partidos contra Bolsonaro. Mesmo que haja a participação do PT não é impeditivo na visão de Fernando Henrique. 

"É bom que se crie uma frente ampla. Que haja diversidade de opiniões, mas que sejam todas a favor da democracia. Eu não discrimino (o PT). O PT não é intrinsicamente contra a democracia. Nunca foi. O governo do PT muitas vezes dava a sensação de (ser). Mas não há um sentimento genuíno do PT de ser contra a diversidade de opiniões", disse Fernando Henrique.

Embora o ex-presidente avalie que o governo Bolsonaro ameace a democracia em atos de raiz golpista, como no dia 7 de setembro, ele não vê risco de ruptura institucional. 

"Mesmo que ele (Bolsonaro) queira é difícil dar golpe no Brasil. Não conheço Bolsonaro, nunca o vi na vida, nem desejo. Mas acho que tem uma mentalidade simplista. Mesmo que tenha essa ideia não vai conseguir. Se não tiver um programa que contemple a maioria da população é difícil que a coisa avance", concluiu.

Sobre as prévias presidenciais do PSDB para as eleições de 2022, o ex-presidente afirma que o candidato indicado pela legenda para a corrida pelo Palácio do Planalto terá condições de vencer as eleições se tiver capacidade de unir o país e nacionalizar seu nome. Até agora, a disputa interna está afunilada entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Os demais candidatos como o senador Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio não têm feito campanha.

"Para ser presidente da República tem que ter alcance nacional. Se tiver capacidade de somar, esse que tem a capacidade de ganhar", complementou.

O ex-presidente admite sua proximidade com Doria, mas avalia que Leite também está credenciado. Recentemente, o paulista divulgou um vídeo em que o ex-presidente lhe declara apoio.

"Eu vou apoiar quem tiver maior capacidade de agregar opinião nacional. Se o Leite tiver mais que o Doria, vai o Leite. Se o Doria tiver mais que o Leite, vai o Doria. E pode ter um terceiro ainda", disse Fernando Henrique.

"O Leite é bom. Mas eu conheço mais o Doria. Tenho uma relação pessoal com o Doria. E ele tem demonstrado. Ele é democrático. E o Leite também parece ter capacidade de governar. Eu fui presidente. Sei como é isso. Quem quiser impor uma particularidade não vai conseguir. Não vai ter apoio. Precisa transitar melhor na diversidade brasileira. Se for capaz disso, vai ter o meu voto ", concluiu.

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