Política

"Fica em casa, vai cuidar da empresa": deputado aliado de Zema se exalta contra governador

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Arnaldo Silva (União) critica inabilidade do gestor mineiro em meio à tramitação de projeto que tem causado reação popular

O governador de Minas Gerais, Romeu ZemaO governador de Minas Gerais, Romeu Zema - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O clima na Assembleia Legislativa de Minas Gerais escalonou na manhã desta terça-feira com duras críticas ao governador, Romeu Zema (Novo), em meio à tramitação do reajuste salarial dos servidores públicos do estado. A reação foi capitaneada por um aliado de Zema, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Arnaldo Silva (União Brasil), que criticou a ausência de diálogo com o governador.

— Eu venho com tristeza pela falta de respeito, pela falta de diálogo. Olha a encruzilhada: o que vamos fazer sobre esse projeto? Deixar de votar e prejudicar outros servidores? Ou deixar de votar (...) Não podemos emendar o projeto, segurar o projeto vai adiantar? Eu fico preocupado se esse não é objetivo desse governo: segurar para não dar aumento nenhum — iniciou o deputado estadual.
 

Em seguida, Arnaldo Silva elevou o tom contra o governador e disse que a política é um ambiente para aqueles que estão dispostos a dialogar.

— Um governo que não abre portas para diálogo, um governo que não manda um representante, um governo que dá uma declaração de que se o servidor não está gostando, que tome outro rumo. A política é um ambiente para político, não para quem nega a política. Fica em casa, vai cuidar da empresa, mas não fica no ambiente político não — disse o presidente da CCJ.

Na manhã desta terça-feira, a Assembleia discute o Projeto de Lei 2309/2024, que propõe um reajuste de 3,62% ao funcionalismo. O texto está entravado na Casa com protestos do segmento e críticas que unem base e oposição.

No âmbito da segurança, os servidores cobram uma proposta do governador de 2019 que trazia o recomposição em três parcelas — uma que foi paga de 12% e outras duas de 13% que não foram cumpridas.

O projeto de lei começou a ser analisado pela CCJ na semana passada, mas foi retirado da pauta por pedido do deputado estadual Sargento Rodrigues (PL). Segundo o Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação do Estado de Minas Gerais (Sinfazfisco-MG), a proposta corresponde a apenas um terço da inflação acumulada dos dois últimos anos, quando não houve reajuste.

O texto chegou à Assembleia em dois de maio, há 19 dias. Até o momento, contudo, ainda não foi votado em nenhuma das comissões.

Reajuste de 298%
Em meio aos revesses na Assembleia, uma emenda da oposição propõe que os servidores tenham um reajuste de 298%, em referência ao aumento dado pelo governador ao seu próprio salário no ano passado.

Em maio, Zema sancionou uma lei que fez com que seu salário passasse de R$ 10,5 mil para R$ 41,8 mil. O vice-governador, Mateus Simões, e secretários também tiveram suas remunerações reajustadas.

Na justificativa do projeto, o governo alegou que a proposta tinha como objetivo “adequar” os salários da administração estadual, que não eram reajustados desde janeiro de 2007, a partir da “recomposição das perdas decorrentes da inflação acumulada no período”.

Veja também

TCU diz que legislação não impede Exército de comprar blindados israelenses
Israel

TCU diz que legislação não impede Exército de comprar blindados israelenses

STF tem 5 votos pela recusa à transfusão por testemunhas de Jeová
STF

STF tem 5 votos pela recusa à transfusão por testemunhas de Jeová

Newsletter