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Arquivo Secreto

"Ficou com medo": documentos secretos sobre Kennedy mostram que Brizola era monitorado pelos EUA

Arquivos ligados ao mandato do ex-chefe de Estado americano, assassinado em 1963, apontando que o brasileiro recebeu telegramas de Mao Tse Tung e Castro oferendo apoio para garantir "sucessão" no Brasil

Leonel BrizolaLeonel Brizola - Foto: Família Brisola/Arquivo Pessoal

O político Leonel Brizola foi citado em documentos divulgados nesta semana pelo Arquivo Nacional dos Estados Unidos relacionados ao assassinato do presidente John F. Kennedy, em novembro de 1963.

Brizola, que foi prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e federal pelo Rio Grande do Sul e por duas vezes governou o Rio de Janeiro, era governador do RS à época das citações, de 1961.

No documento, um telegrama enviado por representantes da CIA no Brasil para o governo dos Estados Unidos, é dito que Mao Tse Tung, presidente da China, e Fidel Castro, de Cuba, ofereceram suporte e inclusive "voluntários" a Leonel Brizola para que a sucessão presidencial fosse garantida no país.

O governador liderava a organização voltada para assegurar que João Goulart assumisse a presidência após a renúncia de Jânio Quadros.

De acordo com o relatório, Brizola negou a ajuda por temer uma crise diplomática com os Estados Unidos.

"Obviamente ele ficou com medo de que, caso as propostas fossem aceitas, os EUA pudessem intervir", diz o documento. O Brasil era visto como um ator muito importante e poderoso para os americanos no contexto da Guerra Fria, capaz de influenciar os outros países latinos em uma eventual revolução comunista.

Divulgação de documentos sigilosos
Os arquivos foram liberados em cumprimento a uma ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump em janeiro deste ano, que determinou a publicação, sem edições, de todos os documentos restantes sobre os assassinatos de Kennedy e de seu irmão, o ex-procurador-geral Robert F. Kennedy, além do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr.

Os documentos incluem relatórios de órgãos como a Agência Central de Inteligência (CIA, em inglês) e, ao todo, cerca de 80 mil páginas foram liberadas.

À NBC News, uma fonte familiarizada com o assunto disse que advogados do Departamento de Justiça trabalharam durante a noite para revisar centenas de páginas de documentos confidenciais antes da divulgação.

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