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Flagrados interagindo com invasores, servidores do GSI são alvos de investigações da PF, MP militar

Um dos alvos é o capitão do GSI que distribuiu água aos manifestantes. PF também vai intimar a depor o agora ex-ministro Gonçalves Dias

Atos golpistas em 8 de janeiro de 2023Atos golpistas em 8 de janeiro de 2023 - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Servidores do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que trabalhavam no Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, são alvo de três processos diferentes — na Polícia Federal, no Ministério Público Militar e em uma sindicância interna do próprio GSI. Os três órgãos receberam as imagens do circuito interno do Palácio do Planalto, que ainda não vieram a público na íntegra. Flagrados interagindo com os manifestantes golpistas, eles são investigados pela suspeita de terem facilitado a invasão e depredação do Palácio do Planalto.

Um dos alvos é o capitão do Exército José Eduardo Pereira. É ele que aparece nas imagens divulgadas pela CNN Brasil distribuindo água aos golpistas. O capitão foi nomeado para o GSI em 2020, durante a gestão do então ministro Augusto Heleno.

Em entrevista à CNN Brasil, Pereira explicou que deu água aos manifestantes como uma maneira de fazer "contenção de danos" e "impedir que as pessoas entrassem no gabinete do presidente". Ele foi dispensado logo após os ataques de 8 de janeiro, na administração do agora ex-ministro Gonçalves Dias.

O general Gdias — como ele é conhecido — pediu demissão do cargo na quarta-feira (19) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em meio às acusações de que ele não teve uma atitude enérgica contra os invasores. O general foi filmado orientando os manifestantes a se dirigirem à porta de saída de um gabinete do Planalto. Em entrevista à GloboNews, Dias declarou que atuou para "retirar as pessoas do terceiro e quarto piso para que houvesse a prisão no segundo".

A declaração do general vai em encontro a um dos apontamentos das investigações da PF sobre como se deu a invasão ao Planalto, indicando que houve ordens desencontradas entre os comandantes do Exército, do GSI e da Polícia Militar do Distrito Federal na contenção dos golpistas no prédio público. Em depoimentos à PF, militares do Comando Militar do Planalto relataram que tinham ordens do GSI para evacuar o prédio imediatamente, enquanto PMs disseram que a orientação era efetuar as prisões e não deixar ninguém sair. As imagens do circuito interno do Planalto, que estão sob guarda da GSI, podem esclarecer essas divergências e já estão nas mãos do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Interlocutor de Lula com os militares, o general Gdias participou de todo o planejamento do governo na reação aos golpistas. Ainda na noite de 8 de janeiro, reuniu-se com Lula. Foi por meio do celular dele que o presidente conversou com o general Gustavo Dutra sobre a operação do dia seguinte, na qual mais de 1.500 pessoas foram presas na frente do quartel-general do Exército.

Em 9 de janeiro, Dias ainda apareceu na frente do QG para acompanhar rapidamente a ação. Segundo informações da coluna da Bela Megale, o general será intimado a depor à PF sobre o que sabe da invasão ao Planalto.

Na quarta-feira , o escolhido de Lula para substituir Gdias foi o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, que assumirá o posto de forma interina. Antes, ele foi interventor na área de Segurança do Distrito Federal.

Neste cargo, ele produziu um relatório apontando as falhas no planejamento e ação da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança Pública do DF, além do papel central do acampamento golpista na concretização dos ataques. Nenhuma linha do documento, no entanto, trata da suposta leniência do GSI, que agora ele vai comandar.

Na época, o então interventor justificou que os servidores do órgão de segurança institucional ficaram de fora da investigação, pois já eram alvos de inquéritos policiais militares. As informações levantadas nesses processos foram encaminhadas ao STF após o ministro Alexandre de Moraes fixar a competência da Corte para julgar todos os casos envolvendo os atos de 8 de janeiro, independentemente de os envolvidos serem civis ou militares.

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