Flordelis: principais testemunhas em segundo julgamento são filhos que se voltaram contra pastora
Outros três herdeiros da ex-deputada estarão sentados no banco dos réus nesta terça-feira
Seis filhos de Flordelis dos Santos de Souza que ficaram contra a mãe após a morte do pastor Anderson do Carmo e a acusaram de envolvimento no crime estão entre as 17 testemunhas que serão ouvidas em julgamento do caso que acontece na manhã desta terça-feira, no plenário do Tribunal do Júri em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
Daniel dos Santos de Souza, Roberta dos Santos, Wagner Andrade Pimenta, o Misael, Alexander Felipe Matos Mendes, o Luan, Daiane Freires e Erica dos Santos de Souza são alguns dos membros da família que decidiram contar à polícia detalhes da trama contra a vítima e acusaram a ex-deputada de envolvimento na morte.
Eles serão testemunha no julgamento dos irmãos Carlos Ubiraci Francisco da Silva, André Luiz de Oliveira e Adriano dos Santos Rodrigues, além do ex-PM Marcos Siqueira e da mulher dele, Andrea dos Santos Maia.
Os seis foram chamados para depor pelo Ministério Público estadual do Rio e também pelas defesas de André e Adriano. Misael e Daniel foram os primeiros a procurar a polícia, no dia seguinte ao crime, para contar que a morte de Anderson já vinha sendo planejada dentro da própria família.
Leia também
• Flordelis: filho que será julgado trocou mensagens que incriminam ex-deputada pela morte do marido
• Justiça marca julgamento de Flordelis para maio
• No rastro dos votos de Flordelis, partidos cobiçam cantoras gospel para chapas na eleição
Integrantes da família chegaram a relatar, em seus depoimentos, que eram incentivados e mentir e esconder o que acontecia na residência. Após o crime, eles relataram que advogados de Flordelis instruíram sobre o que dizer em seus depoimentos.
Misael, que era vereador, apontou a mãe como “mentora intelectual” do crime em primeiro relato aos investigadores. Já Daniel chegou a dizer que o sofrimento da mãe e de alguns irmãos no enterro do pastor era um verdadeiro teatro. Ambos revelaram que a própria vítima já tinha conhecimento de que pessoas na casa estavam planejando a sua morte.
No total, o Ministério Público estadual pediu que sejam ouvidas 12 testemunhas. Além dos seis filhos, também foram convocados a prestar depoimento dois delegados que atuaram no caso – Bárbara Lomba e Allan Duarte. O investigador Tiago Vaz, que integrava a equipe de Duarte, também irá depor, convocado pelo advogado Angelo Máximo, que representa a assistente de acusação no processo, Claudia Maria Rodrigues, irmã da vítima.
A defesa de André reiterou apenas a lista de testemunhas do MP e a de Adriano, além de ter solicitado as mesmas testemunhas da promotoria, pediu que seja ouvido Paulo Alexandre Freires, filho afetivo de Flordelis e seu irmão. Já a defesa de Carlos convocou quatro testemunhas que não estavam na lista do MP, entre elas membros da filial de Piratininga do Ministério Flordelis, que era comandada pelo filho da ex-deputada.
O advogado de Andrea pediu que seja ouvida a delegada Barbara Lomba, que já está na lista do MP. Já a defesa de Marcos Siqueira perdeu o prazo e não pôde indicar testemunhas.
O julgamento começa com os depoimentos de todas as testemunhas. Os réus são os últimos a serem ouvidos.
Carlos Ubiraci e André Luiz são acusados de envolvimento no assassinato do pastor Anderson e nas tentativas de envenenamento da vítima. Eles respondem por tentativa de homicídio duplamente qualificada (por motivo tope e com emprego de veneno), homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, meio cruel e à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido) e associação criminosa.
Já Adriano, Marcos e Andrea são acusados de envolvimento na trama de uma carta que tentou atrapalhar as investigações do caso. Os três respondem por uso de documento falso, já que o correspondência chegou a ser apresentada à polícia e à Justiça e associação criminosa.
Flordelis, duas netas e uma filha, rés no mesmo processo, tiveram o julgamento marcado para o dia 9 de maio deste ano. Dois filhos da ex-deputada – Lucas Cezar dos Santos e Flávio dos Santos Rodrigues – já foram condenados pelo crime.
Anderson do Carmo foi assassinado a tiros na madrugada de 16 de junho de 2019, na garagem da casa da família em Pendotiba, Niterói. No total, Flordelis, seis filhos e uma neta são acusados de envolvimento no assassinato. Um filho da ex-deputada é ainda acusado de participação em um plano para atrapalhar as investigações do caso, com a fraude de uma carta.
Antes do início do julgamento, será feito o sorteio dos sete jurados para integrar o chamado Conselho de Sentença, dentre os 25 que compõem a lista da 3ª Vara Criminal de Niterói. São eles que decidirão se os réus são culpados ou inocentes. Os advogados dos réus e também o Ministério Público poderão, cada um, recusar três jurados sorteados.
Os jurados, ao serem escolhidos, passam a ficar incomunicáveis, não podendo estabelecer qualquer contato entre eles ou com terceiros até o término do julgamento. Eles são obrigados a desligar seus celulares e entregá-los ao oficial de Justiça. Os jurados são pessoas comuns, moradores de Niterói, que não necessariamente têm formação jurídica.
Após a escolha dos jurados, tem início o julgamento, no qual a previsão é de que 17 testemunhas sejam ouvidas. Primeiro, prestam depoimento as de acusação e em seguida, as de defesa. Após serem ouvidas as testemunhas, os réus são interrogados.
Em seguida, terá palavra a acusação – promotor de Justiça e em seguida o advogado que representa a assistente de acusação. Eles poderão falar por duas horas e meia, dividindo esse tempo, pedindo pela absolvição ou condenação dos réus, a depender das provas apresentadas no julgamento. Depois, terão direito a falar também por duas horas e meia a defesa dos cinco réus. Eles terão que dividir o tempo total disponível.
Após a explanação da defesa, MP e advogado da assistente de acusação terão duas horas de réplica e em seguida, os advogados terão mais duas horas de tréplica. Os jurados votarão quesitos, formulados pela magistrada, sobre a existência ou não do crime, autoria ou participação dos réus, se devem ser absolvidos, se existem causas de aumento de pena, entre outros. A votação acontece na chamada sala secreta.
Após a votação, o juiz elabora a sentença e estipula a pena, de acordo com os quesitos votados pelos jurados. Mesmo com o grande número de testemunhas a serem ouvidas, a estimativa é de que o julgamento não seja interrompido e termine apenas na madrugada de quarta-feira.
Veja abaixo a lista de testemunhas que vão prestar depoimento durante o julgamento
1. Bárbara Lomba Bueno – Delegada de Polícia;
2. Allan Duarte Lacerda – Delegado de Polícia;
3. Wagner Andrade Pimenta – “Misael”, filho afetivo de Flordelis;
4. Luana Vedovi Rangel Pimenta, esposa de Wagner;
5. Alexsander Felipe Matos Mendes – “Luan”, filho afetivo de Flordelis;
6. Daiane Freires, filha afetiva de Flordelis;
7. Daniel dos Santos de Souza, filho de Flordelis e Anderson;
8. Roberta dos Santos, filha de Flordelis/filha afetiva de Carlos Ubiraci;
9. Raquel dos Passos Silva, filha de Carlos Ubiraci;
10. Erica dos Santos de Souza, filha adotiva de Flordelis e Anderson;
11. Regiane Ramos Cupti Rabello
12. Adolescente R., de 17 anos, filha de Carlos Ubiraci;
13. Paulo Alexandre Freires, filho afetivo de Flordelis
14. Débora de Abreu Viana;
15. Eduardo da Silva Pereira;
16. Cláudia Inês Barbosa Pinto;
17. Carla Anselmo