"Foi uma submetralhadora disparada no modo automático", diz perita sobre arma usada no caso Marielle
Carolina Rodrigues, que trabalhou na reprodução do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, detalhou como foram os testes de armas, em 2018
Carolina Rodrigues, perita que trabalhou na reprodução do caso Marielle Franco e Anderson Gomes, foi testemunha nesta quarta-feira, no Tribunal do Júri — que vai decidir o destino de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora e do motorista, em março de 2018. Carolina não compareceu ao tribunal, mas em um vídeo assegurou que a arma usada no dia do crime era uma HK MP5.
— Fui responsável por todo o procedimento técnico pericial da reprodução. A questão da arma nós já tínhamos informações sobre uma suspeição de que era a MP5 pelos exames de balística realizados no CCE - Sede. Quando você dispara uma arma de fogo, tem o estojo, que fica deflagrado no local. Tem marcas bem características (...) que são identidades de cada arma. Nós tiramos o estojo do caso Marielle, nós confrontamos com diversos padrões de diversos tipos de arma e o que mais se adequou ao tipo de estojo do caso da vereadora foi a MP5. Vimos a dispersão das avarias no veículo, no cadáver e no chão (...) Disparamos nos carros, foram tiros reais no dia da reprodução, e os que mais se assemelharam foram os do perfil da MP5 — disse ela.
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A profissional relatou que no dia da morte da vereadora, em março de 2018, foram deixados no chão vestígios dos disparos. Eles foram examinados assim como as marcas dos cadáveres. No carro, foram identificados os tiros que teriam sido numa rajada, em sequência:
— No tempo em que os disparos foram realizados, no dia da morte da vereadora, e com o carro em movimento, a gente não conseguiria aquele tipo de perfil aglomerado de disparos em tão pouco tempo com uma pistola intermitente, por exemplo. Teria que ser uma pistola com kit rajada — afirmou Carolina.
— Existem diversos exemplares de HK MP5. Não testamos todos os modelos da MP5. Pegamos submetralhadoras que fossem distintas uma da outra (...) para pelo menos afirmar que não foi uma pistola. Tenho convicção de que foi uma submetralhadora disparada no modo automático.
Na análise do material, também foi levantada a possibilidade de um silenciador ter sido usado no dia do crime. O teste com o dispositivo, no entanto, não foi feito porque a polícia não conseguiu, como relatou Carolina:
— Em relação ao estampido, não foi testado. Porque não conseguimos arrumar o silenciador (...) Todas as testemunhas disseram que no momento dos disparos, nenhum deles identificou aquele barulho como sendo um disparo de arma de fogo. O rapaz que estava nesse abrigo disse, inclusive, que mora em comunidade, que está acostumado a ouvir tiro de fuzil, de pistola. Ele associou (o barulho) a um cano de descarga quebrado, com furos. Ninguém associou a arma de fogo.