8 de Janeiro

Força Nacional alertou Ministério da Justiça sobre risco de ações violentas três dias antes de atos

Em nota, pasta afirma que documento foi enviado a diretoria que era ocupada por interino e repassado à Secretaria de Segurança Pública do DF

Bolsonarista quebra vidro do Supremo Tribunal Federal durante invasão golpista Bolsonarista quebra vidro do Supremo Tribunal Federal durante invasão golpista  - Foto: Ton Molina/AFP

Um relatório de inteligência produzido pela Força Nacional de Segurança Pública no dia 5 de janeiro, três dias antes da invasão aos prédios dos Três Poderes, alertava sobre a possibilidade de atos violentos em Brasília no dia 8 daquele mês.

O documento, ao qual o Globo teve acesso, foi encaminhado ao Ministério da Justiça. Segundo a pasta, o alerta foi repassado também à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

O relatório número 4 de 2023 traz informações sobre conversas de um grupo de WhatsApp, com 237 participantes, chamado “Rifas tiro e pesca”. O grupo, segundo o relatório, teria “presença maciça de pessoas conhecidas por CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores)”. Ainda de acordo com a Força Nacional, alguns membros teriam feito postagens mencionando fabricação e uso de explosivos em manifestações planejadas para acontecer em Brasília.

Nas conversas, de acordo com o documento da Força Nacional, integrantes instigaram os demais a participarem do ato do dia 8 de janeiro de 2023. “Não de forma pacífica, mas com o uso de violência mediante a utilização de armas de fogo, bem como explosivos artesanais", afirma outro trecho. “Podemos concluir que alguns membros mais exaltados podem vir a concretizar o que planejam em suas postagens”, diz o relatório, encaminhado à Diretoria de Inteligência do Ministério da Justiça.

Em nota, a pasta afirma que não há registros na Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (DIOPI) que permitam saber que providências foram adotadas na então Diretoria de Inteligência a partir da recepção desse relatório.
 

“Quanto à Força Nacional ela não recebeu o relatório indicado, ela produziu esse relatório, que foi enviado à Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que acusou recebimento”, diz o ministério da Justiça, em nota.

Reportagem do Globo em janeiro revelou que um dia antes da invasão golpista, no dia 7 de janeiro, a Polícia Federal também havia enviado ao Ministério da Justiça, para o ministro Flávio Dino, indicando que manifestantes acampados em frente ao QG do Exército em Brasília planejavam provocar "ações hostis e danos" ao "Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal", além de "confrontar as Forças de Segurança". O documento, assinado pelo diretor-geral da PF, Andrei Passos, aponta que os investigadores identificaram indivíduos dispostos a "tomar o poder”.

Na época, após receber o alerta, o ministro Flávio Dino enviou, às 19h58, um ofício ao governador Ibaneis Rocha relatando os riscos detectados pelo setor de inteligência da PF.

CPI quer ouvir Força Nacional
Ao iniciar a sessão desta terça-feira, o presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA), anunciou que colocará em votação na próxima quinta-feira, 28, a convocação de Sandro Augusto de Sales Queiroz, ex-comandante do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional no dia dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes.

— Colocaremos requerimento do comandante da Força Nacional, caso não seja aprovado, nós continuaremos com os requerimentos que já foram aprovados. Se aprovado, os outros requerimentos serão aprovados. É a defesa do direito de minoria—disse Maia, citando que a comissão já ouviu representantes do Exército e da Polícia Militar do Distrito Federal.

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