Freixo se aproxima de Arminio Fraga e faz aceno a empresários na pré-campanha ao Governo do Rio
Deputado busca expandir eleitorado em direção ao centro
Em mais um passo da estratégia de se apresentar como um nome moderado na campanha pelo governo do Rio de Janeiro, em busca do eleitorado de centro, o pré-candidato do PSB, Marcelo Freixo, vem se reunindo com o economista Arminio Fraga.
Presidente do Banco Central durante o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso na Presidência, Arminio é sócio de uma gestora de investimentos e mantém boa relação com empresários e o mercado financeiro — no campo político, é próximo também de setores do PSDB.
Para ampliar o eleitorado em setores vistos como refratários a candidaturas de esquerda, Freixo vem concentrando sua agenda de pré-campanha em três setores considerados centrais: empresários, evangélicos e policiais. Neste cenário, a aproximação com o economista é vista como parte importante da estratégia.
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Arminio diz que conversa com frequência com o parlamentar, dando sugestões e fazendo a ponte com o empresariado e formuladores de políticas públicas. Ele pontua, no entanto, que não deve participar diretamente da campanha ou da formulação do plano de governo do pré-candidato.
— O que me aproxima do Freixo é o interesse pelo Rio e pelo Brasil nesse quadro de retrocesso e desigualdade social. Estou engajado e ajudarei no que puder. Porém, não devo atuar diretamente em nenhuma campanha, seja no Rio ou nacional — afirma o economista.
Mais do que a procura por políticos de centro, a pré-campanha de Freixo vem buscando a aproximação com nomes da sociedade civil que representam esse espectro ideológico. Recentemente, o pré-candidato do PSB já havia anunciado a interlocução com nomes como o economista André Lara Resende e o ex-ministro Raul Jungmann, que chefiou a Defesa e, depois, a Segurança Pública no governo de Michel Temer. No campo evangélico, ele tem mantido contato com o bispo Abner Ferreira, da Assembleia de Deus de Madureira, igreja aliada ao presidente Jair Bolsonaro (PL).
Além disso, o candidato do PSB contratou o marqueteiro Renato Pereira, que atuou em campanhas do MDB fluminense, como do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e dos ex-governadores Sérgio Cabral e Luiz Fernando Pezão, antes de se tornar delator na Lava-Jato.
Arminio foi pivô de umas crises que desgastam a relação Freixo com seu antigo partido, o PSOL, culminando, posteriormente, com sua desfiliação e ida para o PSB. Nas eleições municipais de 2020, o PSOL ameaçou impugnar a candidatura de Wesley Teixeira a vereador em Duque de Caixas, na Baixada Fluminense, por ele ter recebido doações de grandes empresários, entre eles do ex-presidente do Banco Central.
Freixo foi contra a postura do partido e ameaçou deixar a sigla caso Wesley fosse punido. Uma resolução interna da legenda impede filiados de receberem doação de grandes empresários ou especuladores imobiliários. Na ocasião, o parlamentar lembrou que ele próprio havia recebido doações de Guilherme Leal, um dos fundadores da Natura, para a sua campanha à prefeitura do Rio em 2012, e ninguém cogitou impugnação.