Futuro de Bolsonaro, novos membros e pautas polêmicas: o que esperar do STF em 2023
Na solenidade que marca o início do ano judiciário, a presidente da Corte, Rosa Weber, deve fazer um um discurso forte em defesa da democracia
Após ter seu edifício-sede destruído por golpistas no dia 8 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) reabre hoje com a missão de enfrentar temas que podem ter impacto nessas investigações, decidir o que fazer a respeito do futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro e lidar com a saída de dois de seus mais antigos ministros.
Na solenidade que marca o início do ano judiciário, mas também a reinauguração do plenário, um dos locais mais atingidos pelos vândalos, a presidente da Corte, Rosa Weber, deve fazer um um discurso forte em defesa da democracia.
Ontem, em entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que vai entregar à Procuradoria-Geral da República (PGR) informações sobre 41 pessoas que participaram da invasão ao Congresso em 8 de janeiro. Ele disse que a área técnica da Casa conseguiu o registro de uso da rede Wi-Fi no local.
Também será inaugurada hoje a mostra “Pontos de Memória”, que exibirá ao longo de todo o prédio principal fragmentos de peças e objetos que foram destruídos nos atos golpistas e não puderam ser recuperados.
Na retomada dos trabalhos, o primeiro desafio que o tribunal terá que lidar será o destino das ações envolvendo Bolsonaro.
O ex-presidente é alvo de seis inquéritos. Embora tenha perdido o foro privilegiado, até o momento o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações contra o ex-presidente, ainda não encaminhou os casos para a primeira instância. A avaliação no STF é que os ataques às sedes dos três Poderes podem manter por ainda algum tempo os casos nas mãos de Moraes.
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Apesar da escolha da presidente da Corte de elaborar uma pauta “light” para o primeiro semestre, sem casos que gerem polêmica, como descriminalização do aborto ou do uso recreativo da maconha, o STF terá pela frente a discussão de casos que podem ter impacto nas investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro.
Na pauta de março, o plenário da Corte pode analisar uma ação que debate a licitude de provas obtidas junto a registros de celulares, ainda que sem autorização judicial. No mesmo mês, também foi agendado um julgamento sobre a competência do Ministério Público para instaurar e conduzir investigações criminais, algo que pode funcionar como um recado à administração de Augusto Aras à frente da PGR. O caso já começou a ser analisado pelos ministros, e três se manifestaram para deixar claro que é indispensável o controle do Judiciário.
Para o mês de abril, Rosa incluiu para julgamento no plenário uma ação que pode decidir se mantém ou derruba a lei que obriga empresas de telefonia móvel a fornecerem dados cadastrais de seus clientes, independentemente de aval prévio da Justiça.
Novos ministros
As aposentadorias de Ricardo Lewandowski, em maio, e de Rosa Weber, em outubro, também devem impactar o funcionamento do STF. Ministro do Supremo desde 2006, no segundo mandato do presidente Lula, Lewandowski sairá por completar 75 anos, idade máxima para a permanência no cargo. A vaga do ministro é alvo de disputa desde o ano passado. Ele ocupa a Segunda Turma do STF e tem perfil garantista.
Em outubro, a saída de Rosa , que também completará 75 anos, colocará o tribunal novamente em meio às disputas políticas e sob nova presidência. Com a saída da ministra, assume o comando do Supremo Luís Roberto Barroso. Para a vaga de Rosa, a tendência é que uma outra mulher seja escolhida por Lula.