Atividades criminosas

Garimpeiros teriam comprado militares encarregados de proteger terras yanomamis, diz jornal

Pelo WhatsApp, garimpeiros recebiam imagens da saída das tropas e suas direções, podendo assim esvaziar os locais de extração criminosa antes da chegada da fiscalização

Casos foram registrados durante a gestão de Marcelo Xavier, no governo BolsonaroCasos foram registrados durante a gestão de Marcelo Xavier, no governo Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

Militares foram comprados por garimpeiros para serem lenientes com os crimes cometidos em terras yanomamis. Pelo menos é o que mostram dois relatórios preliminares da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) produzidos durante a gestão de Marcelo Xavier.

Não está claro, no entanto, se ações foram tomadas para conter os criminosos. As informações são da Folha de S. Paulo. Conforme mostra o jornal, na edição desta quinta-feira (26), militares e garimpeiros mantinham uma relação amistosa desde janeiro de 2019, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) assumiu o poder.

Os relatos descritos no texto são parte da 5ª fase da Operação Ágata, que havia começado naquele mesmo ano. Os relatos contidos no documento apontam parentescos entre militares do Exército da região com garimpeiros. Essa relação permitia que informações sobre a realização de operações de combate ao garimpo fossem antecipadas aos criminosos.

O vazamento de informações, segundo consta, era feita também com base no pagamento de propina e permitiu que ouro ilegal e drogas circulassem livremente nas terras yanomamis.

“Ao chegar na ‘Currutela do Coito’ […] encontramos o local totalmente vazio, com exceção de um cidadão e sua esposa. Ficou claro que todos sabiam da chegada da tropa e evacuaram o local. A ‘currutela’ ocupa uma área grande, e estava com muito lixo recente, dando a entender que estava totalmente ocupada há pouco tempo”, diz um trecho do texto sobre uma operação de agosto de 2022. Relatos semelhantes foram colhidos desde 2019.

O vazamento de informações era feito, em muitos casos, por um grupo de WhatsApp. De acordo com o documento, era pelo aplicativo de mensagens que os garimpeiros recebiam imagens da saída das tropas e suas direções, podendo assim esvaziar os locais de extração criminosa antes da chegada da fiscalização.

“[Meu chefe] possui diversos militares comprados que trabalham como informantes”, diz uma das fontes em depoimento à Funai. O pagamento, além de dinheiro vivo, é feito em ouro.

Em um dos relatos, um garimpeiro paga dez gramas de ouro mensalmente a militares que avisam quando os soldados entram na terra indígena yanomami e quando saem, além de mostrarem as rotas em que irão passar e quantos são os membros da operação.

Segundo a Folha de S. Paulo, o documento contém nomes, patentes e até contatos dos militares envolvidos no esquema criminoso. O jornal questionou então quais providências foram tomadas pela Funai durante a gestão bolsonarista de Marcelo Xavier, quando foram colhidas as informações, mas não obteve resposta.

O Ministério da Defesa e o Exército também foram procurados pelo jornal, mas não comentaram. O aumento da atividade criminosa na região e a omissão do governo Bolsonaro diante da situação são apontados como causadores da crise humanitária instalada entre os indígenas nos últimos dias. 

O aumento da atividade criminosa na região e a omissão da gestão Bolsonaro diante da situação são apontados como causadores da crise humanitária  entre os indígenas que veio à tona nos últimos dias.

O aumento da atividade criminosa na região e a omissão da gestão Bolsonaro diante da situação sao  apontados como causadores da crise humanitária entre os indígenas que veio à tona esta semana.

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