Geraldo Alckmin vai em busca de apoio do PSB
Após aproximação dos socialistas com o PT, presidenciável se reuniu com membros da cúpula da sigla. Paulo Câmara não participou
Com o aparente crescimento de socialistas simpáticos ao PT, o governador de São Paulo e presidenciável, Geraldo Alckmin (PSDB), fez novas investidas para costurar o apoio do PSB à sua candidatura. Uma semana depois que o governador Paulo Câmara (PSB) foi a São Paulo se encontrar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o tucano se reuniu com dois cardeais do PSB. O presidente estadual do partido, Carlos Siqueira, e o presidente da Fundação João Mangabeira e secretário geral, Renato Casagrande, foram ao estado para um almoço com o vice-governador Márcio França (PSB), ontem, mas chegaram na noite anterior e teriam conversado a portas fechadas com Alckmin.
Nos bastidores, circulam rumores de que a cúpula pessebista teria feito uma série de exigências para apoiar o PSDB na corrida ao Planalto. Entre as condições, estaria a de melhorar o relacionamento com os socialistas de Pernambuco. No estado, o PSB caminha para selar aliança com o PT e muitos defendem Lula como cabo eleitoral do governador. A ausência de Paulo Câmara, que é vice-presidente nacional da legenda, no banquete de apoio à candidatura de França ao Governo Paulista, ontem, é mais um gesto da resistência ao palanque tucano. Parte da bancada federal que participou do almoço fez questão de deixar claro que nada tinha a ver com o debate nacional.
Filiado há 30 anos ao PSB, França já protagonizou tensionamentos com o grupo ligado a Paulo Câmara. Tudo começou com a intenção de assumir o comando da sigla em desfavor de Carlos Siqueira. Na época, França estava alinhado ao grupo do senador Fernando Bezerra Coelho, hoje desafeto do governador. Outro ponto que causa desconforto foi o fato do vice-governador ter negociado a incorporação do PPS, considerado como linha auxiliar do PSDB.
França tem uma relação estreita com Alckmin e defende Pernambuco no palanque tucano em troca de apoio ao Governo Paulista. Em reserva, um socialista disse que o PSDB está fora do radar da Frente Popular. "Não temos nenhuma expectativa de ter o PSDB em nosso palanque. Isso quebraria o eixo do nosso de discurso de campanha sobre quem é a favor do governo de Michel Temer (MDB) e quem é contra. Parece ser uma coisa irreal", afirmou.
Da linhagem que defende a aproximação com o ninho tucano, Renato Casagrande tem uma aliança engatilhada com o PSDB no Espírito Santo. Com vistas em ter o apoio de Alckmin, França também defende o Pernambuco com o PSDB. Em meio às divergências, o vice-presidente das Relações governamentais, Beto Albuquerque, se colocou à disposição para ser candidato a presidente da República. Segundo ele, o partido não pode se omitir de participar do debate eleitoral. Albuquerque foi o vice da chapa de Marina Silva (Rede) em 2014 e apoiou o senador Aécio Neves (PSDB) no segundo turno.
Ele negou ainda que tenha havido uma conversa com Alckmin na noite da última quarta. Em nota, Carlos Siqueira refutou o encontro com o tucano e afirmou que a conjuntura nacional só será definida após o Congresso partidário, marcado para os dias 1, 2 e 3 de março. "Em São Paulo, para um ato de apoio ao vice-governador Márcio França (PSB), pré-candidato socialista ao governo do Estado, o presidente nacional do partido Carlos Siqueira, e o secretário-geral e ex-governador Renato Casagrande reuniram-se com o vice-governador para uma avaliação do cenário político em cada Estado”, diz a nota.