Gilmar vota pela parcialidade de Moro e fala em 'maior escândalo judicial'
O ministro Gilmar Mendes defendeu a declaração de suspeição do ex-juiz Sergio Moro no processo em que o ex-presidente Lula (PT) foi condenado por receber um tríplex no Guarujá.
"Meu voto não apenas descreve cadeia sucessiva a compromisso da imparcialidade como explicita surgimento e funcionamento do maior escândalo judicial da nossa história", disse Gilmar.
Antes de Gilmar, votaram pela legalidade de atuação de Moro os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia. Após Gilmar, votam Kassio Nunes Marques e Ricardo Lewandowski.
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"É cabível este habeas corpus e acolho a tese trazida pelos impetrantes [advogados de Lula]", anunciou o ministro ao iniciar a longa exposição sobre a matéria. O magistrado fez inúmeras críticas à Lava Jato, que foram muito além do caso específico do petista.
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"Já elogiei, sim", afirmou o ministro sobre o trabalho realizado pela Lava-Jato. "O combate à corrupção é fundamental. Agora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O combate à corrupção tem que ser feito dentro dos moldes legais. Não se combate crime cometendo crime."
Ele pontuou o voto com muitas frases de efeito: "Ninguém pode se achar o ó do borogodó. Cada um vai ter seu tamanho no final da história. Um pouco mais de modéstia. Calcem as sandálias da humildade".
Elogiou a decisão de Lewandowski de autorizar à defesa de Lula acesso integral aos diálogos vazados dos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba.
O ministro atacou as prisões preventivas alongadas e afirmou que Moro atuava como integrante do Ministério Público, responsável por fazer as acusações. "Em outras palavras, ele não se conteve em pular o balcão", disse.
Gilmar defendeu a implementação do "juiz de garantias" para acabar com o "ativismo" da Justiça Federal. "A salvação hoje da Justiça Federal é o juiz de garantias", afirmou.
Criticou a imprensa e afirmou que se estabeleceu um "conluio vergonhoso entre a mídia e os procuradores e o juiz".
Gilmar também disse que, diferentemente de Edson Fachin, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, que também compõe a Segunda Turma, ele não chegou ao STF pelas mãos do PT.
"Portanto, eu sou insuspeito nessa matéria, agora também como ministro Kassio, que chegou mais recentemente, de ter simpatia, envolvimento com o PT. Não obstante eu sempre soube distinguir o que é ser adversário do que é ser inimigo".