Golpe não ocorreu porque Bolsonaro é "um covarde, medroso", diz Gleisi
Em entrevista à CNN Brasil, Hoffmann classificou como grave os indícios reunidos pela PF sobre a trama golpista
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR), chamou nesta quarta-feira, 27, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de "covarde" por não ter consumado um golpe de Estado no País em 2022.
O ex-chefe do Executivo federal e outras 36 pessoas, entre militares e aliados dele, foram indiciados pela Polícia Federal (PF) por participação em uma trama golpista.
"Eles não concretizaram esse golpe porque tem muita covardia. Bolsonaro é um covarde, um medroso", disse a deputada, afirmando que o ex-presidente "não teve coragem de ir até o final".
Em entrevista à CNN Brasil, Gleisi classificou como grave os indícios reunidos pela PF sobre a trama golpista, que envolvia o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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"(Bolsonaro) Resolveu ir embora, para ver de fora a tentativa de golpe do 8 de Janeiro, para não se envolver e também não ser preso. E perderam, iam perder se tentassem, mas eles tentaram. Ou seja, essa gente está aí conspirando", disse a Gleisi, se referindo à ida de Bolsonaro aos Estados Unidos no final de 2022, quando escolheu não entregar a faixa presidencial à Lula.
Durante a entrevista, a petista sustentou em diversos momentos que uma anistia não seja concedida aos participantes da invasão golpista, como defendem parlamentares bolsonaristas e o próprio ex-presidente.
Para isso, Gleisi defendeu que a comissão especial para analisar o projeto que concederia o perdão político instalada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não siga adiante.
"Anistia vai servir, única e exclusivamente, para dizer: podem fazer novamente", disse. Gleisi comparou a situação com o golpe militar de 1964, em que os responsáveis não foram punidos rigorosamente, afirmando que, cada vez que um passo é dado no sentido de "apaziguar com anistia", a história pode se repetir.
Questionada sobre o posicionamento do vice-presidente do PT, deputado e prefeito eleito de Maricá, Washington Quaquá (PT-RJ), sobre manter o processo de julgamento e condenação de quem encabeçou e financiou os atos, mas anistiar quem participou de forma "ingênua", Gleisi afirmou que o posicionamento é isolado, pessoal e não reflete o que pensa o partido sobre o tema.
"Incautos também têm que pagar. E não sei se tinham incautos ali, porque ninguém vai para uma praça, como foi no 8 de Janeiro, vendo a depredação, participando do processo, e é incauto. As pessoas sabem o que é violência, o que é depredação, o que é baderna."