Governador do Acre é alvo de operação da PF por lavagem de dinheiro
STJ autorizou ação e também determinou o bloqueio de 120 milhões em bens dos investigados
A Polícia Federal deflagou uma operação contra lavagem de dinheiro contra a cúpula do governo do Acre, na manhã desta quinta-feira (9). O governador do estado, Gladson Cameli (PP) que está entre os investigados, teve bens apreendidos na ação e precisará entregar seu passaporte. Os agentes cumprem ainda 89 mandatos de busca e apreensão em seis estados e no Distrito Federal
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A ação é a terceira fase da Ptolomeu, iniciada em 2021. A ação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e está sendo cumprida nos estados do Acre, Piauí, Goiás, Paraná, Amazonas e Rondônia, além do Distrito Federal. O pai de Gladson, Eladio Cameli, e um irmão do governador também são investigados e por determinação da Justiça não podem manter contato com o governador. O STJ determinou ainda o bloqueio total de R$ 120 milhões em bens, entre eles aeronaves, casas e apartamentos de luxo.
Na mesma decisão, 31 pessoas foram afastadas dos serviços públicos e 15 empresas investigadas tiveram suas atividades econômicas suspensas por determinação da Justiça. Ao todo, 300 policiais atuam na ação em parceria com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e que tem o apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e da Receita Federal (RFB).
De acordo com a CGU, o grupo atuava fraudando e superfaturando contratos de obras. As investigações indicam que houve inexecução contratual em pelo menos quatro contratos do governo do estado do Acre com empresas de construção civil. Desde janeiro de 2019, o Executivo realizou mais de R$ 280 milhões em pagamento para empresas envolvidas no esquema.
Inícios apontam que empresas contratadas pelo Estado usavam sócios ocultos para beneficiar pessoas ligadas a servidores públicos em licitações direcionadas. Também foi detectados depósitos de dinheiro de forma fracionada, prática conhecida como 'smurfing e usada frequentemente por organizações criminosas para não chamar atenção dos órgãos de controle e levantar suspeitas quanto à origem ilegal dos recursos.
Gladson Cameli já tinha sido citado na primeira fase da operação, em dezembro de 2021, quando foi alvo de um mandato de busca e apreensão. À época, o STJ também determinou o afastamento de uma servidora de seu gabinete e do secretário de estado da Indústria, Ciência e Tecnologia.
Gladson Cameli foi eleito em 2018, ancorado pela onda bolsonariata, e reeleito no último pleito. As investigações envolvendo lavagem de dinheiro no governo criaram um racha na chapa de Cameli para as eleições de 2022, com o então vice-governador, Major Rocha (MDB), romper com o titular e articular a candidatura de sua irmã, a deputada federal Mara Rocha (MDB), ao Palácio Rio Branco.
Em nota, a defesa de Cameli afirmou que o político já prestou os devidos esclarecimentos e continua à disposição das autoridades.
O governador confia na Justiça e irá cumprir todas as medidas. E respeitosamente irá recorrer das cautelares, o que inclui a descabida ordem para não falar com o próprio pai e irmãos, afirma o texto.