ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

Governadora interina do DF admite falha na segurança e diz que coronel da PM precisa se explicar

Celina Leão disse que sequer a Casa Civil do governo distrital foi informado da mudança de planos no sábado, véspera dos ataques terroristas em Brasília

Celina Leão (PP - DF)Celina Leão (PP - DF) - Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados

A governadora interina do Distrito Federal, Celina Leão (PP), afirmou que o ex-comandante-geral da Polícia Militar (PMDF), coronel Fábio Augusto Vieira, terá que explicar de quem partiu a ordem para mudança no planejamento do esquema de segurança montado para conter as manifestações antidemocráticas do último domingo. Essa mudança que permitiu que o grupo se aproximasse mais da Praça dos Três Poderes sem o isolamento da Esplanada dos Ministérios e facilitou os atos terroristas que atacaram as sedes dos três poderes.

"Percebemos uma responsabilização da Secretaria de Segurança sim, que mudou no meio do percurso um planejamento anteriormente feito, sem sequer notificar a Casa Civil. Pessoas que estão sendo presas hoje têm informações e precisam explicar o porquê de não terem repassado à Casa Civil e ao governador Ibaneis Rocha. Houve falha, sim, do efetivo", afirmou.

Fábio Augusto Vieira teve a prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira. Ele foi indicado para comandar a PM do DF por Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro que se tornou secretário do DF na semana passada até ser demitido do cargo após os atos terroristas de domingo.

A mudança de última hora foi informada na terça-feira por Flávio Dino, ministro da Justiça.

Durante reunião com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e governadores das unidades da federação, no Palácio do Planalto, a governadora já havia afirmado que o governo recebeu informações "equivocadas" antes de acontecerem os atos terroristas.

"A realidade é que todas as informações passadas ao governador partiram de forma equivocada. Acho que no bojo do inquérito vai ficar claro. Temos certeza que não tem participação do governador Ibaneis", disse Celina.

Celina Leão assumiu o governo do DF após o afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB-DF) por sua "conduta dolosamente omissiva" em relação aos atos terroristas praticados por apoiadores radicais de Jair Bolsonaro registrados em Brasília neste domingo. Nas redes sociais, ela repudiou os ataques golpistas. “Democracia não é a invasão e dilapidação do patrimônio público. Inadmissível a invasão aos poderes da República”, publicou Celina em seu perfil no Twitter, antes do pronunciamento oficial de Ibaneis.

Em relação aos pedidos de impeachment do governador, protocolados na Câmara Legislativa do DF, ela disse acreditar que se tratam de "atos políticos".

"Todas as medidas adotadas pelo gabinete de crise, que foi montado de prontidão, mostram a capacidade de articulação deste governo, que é a continuidade de um projeto vitorioso eleito. A população pode ficar tranquila que seguiremos com a nossa política. Sobre estes pedidos de impeachment, sequer há inquérito tramitado contra o Ibaneis. São pedidos meramente políticos", disse, em seu primeiro pronunciamento como governadora.

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