Brasília

Governo atende pedido de Lira e não vai discutir fake news por medida provisória

Ministro da articulação política disse que Planalto irá contribuir com projeto de lei que já tramita na Câmara

Lira conversa com LulaLira conversa com Lula - Foto: Mauro Pimentel/AFP

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse nesta quinta-feira (9) que o governo não irá mais enviar uma medida provisória para impedir a disseminação de notícias falsas. A ideia chegou ser citada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), mas foi criticada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que disse que o tema deve ser regulamentado por projeto de lei.

– Em relação ao tema das fake news, a decisão que nós construímos no âmbito do governo é aproveitar a produção que já foi aprovada no Senado, está aqui na Câmara agora e dialogar com o relator do grupo de trabalho – declarou Padilha.

A fala foi feita após uma reunião do ministro com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Padilha disse que já discutiu o projeto com o relator do texto, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

– Tivemos a primeira conversa técnica com o relator do grupo de trabalho no dia de ontem. Muito proveitosa – afirmou.

Uma MP tem prazo de validade para ser apreciada e, por isso, tende a tramitar com mais velocidade e, por vezes, menos debates. Lira disse na terça-feira que medida provisória é "'último recurso" e que não pode "estar legislando matéria penal, processual por MP".

– Essa é uma orientação nítida do presidente Lula, tudo que a gente puder aproveitar a produção da Câmara pelo Senado, buscaremos aproveitar – afirmou o ministro.

Banco Central
Padilha também comentou sobre a crise entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O petista tem criticado Campos Neto por conta da alta da taxa de juros.

O ministro reforçou que não há dentro do governo nenhum debate para mudar a autonomia do Banco Central, que estabelece mandatos não coincidentes entre o comando do banco e o presidente da República. Apesar disso, ele avaliou como natural a tentativa de parte da base de convocar o presidente do BC para falar em comissões da Câmara e do Senado.

– Acredito que é absolutamente natural que o Congresso Nacional queira dialogar, queira ouvir, queira fazer reuniões e faz reuniões com o presidente do Banco Central, faz parte da democracia, faz parte da lei de independência do Banco Central poder prestar contas – declarou.

O ministro disse que o governo não fez nenhuma orientação quanto a chamar Campos Neto para ir ao Congresso, mas afirmou que o tema "não tem que ser visto como tabu" e que não há "nenhum problema na vontade do parlamentar de fazer qualquer convite".

Em tom mais duro, a presidente do PT disse que a política monetária aplicada pelo BC não é a que foi "aprovada pelas urnas", mas também negou qualquer discussão sobre mudar a autonomia do Banco Central.

– Na época da campanha, eu fui uma das pessoas que disse que não iríamos mexer com isso, realmente não é foco, agora isso não quer dizer que a gente não vai discutir a política monetária que o Banco Central está implementando – disse.

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