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Doenças raras

Governo Bolsonaro desperdiçou R$13,5 milhões com incineração de remédios de alto custo; Entenda

As causas para o descarte dos medicamentos não estão claras. A mais provável é que a gestão deixou os itens passarem do prazo de validade

Jair Bolsonaro Jair Bolsonaro  - Foto: CHANDAN KHANNA/AFP

O governo de Jair Bolsonaro (PL) incinerou medicamentos de alto custo utilizados no tratamento de doenças raras que custaram pelo menos R$ 13,5 milhões. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo desta quinta-feira (16). As causas para o descarte dos medicamentos não estão claras. A mais provável é que a gestão deixou os itens passarem do prazo de validade.

A lista, porém, não traz essa informação. É possível, por exemplo, que remédios tenham sido inutilizados por falta de armazenamento adequado ou mesmo não terem sido aprovados em testes de controles. Entidades do setor apontam má gestão do governo Bolsonaro no caso.

O tema de doenças raras, vale lembrar, foi usado como bandeira de campanha do ex-capitão, em especial no papel desempenhado por Michelle Bolsonaro, esposa dele, ao longo dos quatro anos de mandato.

De acordo com o levantamento, realizado com base em um pedido de Lei de Acesso à Informação, há na lista de remédios queimados duas doses de Spinraza, indicado para atrofia muscular espinhal (AME), que custa R$ 160 mil cada dose.

A relação revela, ainda, a incineração de quase mil doses de Translarna, usado no tratamento de distrofia muscular de Duchenne. Ao todo, o lote descartado passa de R$ 2,7 milhões. O governo Bolsonaro também incinerou medicamentos para diferentes tipos de mucopolissacaridose. O lote queimado está avaliado em R$ 2,9 milhões.

A lista disponibilizada pelo jornal mostra ainda 259 doses de Betagalsidase, para doença de Fabry, indo para o lixo. No total, são quase R$ 2,5 milhões desperdiçados. Mesmo destino tiveram 127 unidades de Eculizumabe, que custaram R$ 1,7 milhão e foram descartadas.

Na lista de remédios incinerados também entraram R$ 1 milhão de Alfagalsidase e R$ 1,1 milhão em Metreleptina. O descarte ainda conta com mais de mil doses de Nitisinona, usada no tratamento de tirosinemia hereditária do tipo 1. Duas doses de Alentuzumabe e uma de Kanuma ainda estão na lista. Juntos, o custo das três doses beira 80 mil reais.

Pacientes que fazem uso do medicamento, em depoimento ao jornal, classificaram a queima dos medicamentos como ‘desastre’, já que boa parte dos remédios não estão na lista do SUS e deveriam ter sido distribuídos pelo último governo para atender decisões judiciais.

O Ministério da Saúde do governo Lula (PT), em nota, se comprometeu a pactuar acordos com estados e municípios para evitar que a situação se repita. Afirmou, também, que o desperdício de vacinas, medicamentos e outros insumos “reflete o descaso do governo anterior”.

Procurados para responderem a causa do desperdício de dinheiro público, os três ministros da Saúde do governo Bolsonaro – Marcelo Queiroga, Luiz Henrique Mandetta e Eduardo Pazuello – não deram respostas convincentes. O primeiro disse que não tem conhecimento dos números, que eram, segundo ele, de responsabilidade de uma área técnica.

Mandetta afirmou que quando era ministro houve esforço para adequar a gestão dos estoques e uma tentativa de centralizar a operação na cidade de Guarulhos. Parte das perdas de vacina, justificou, se deu pela baixa adesão da população aos tratamentos. Já Pazzuello nem se deu ao trabalho de comentar.
 

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