Logo Folha de Pernambuco

Pacote fiscal

Governo debate se inclui mudanças nos pisos de Saúde e Educação em pacote fiscal

Possibilidade de alterações levou Lula a chamar ministros de áreas sociais para reunião; não há data para divulgação da decisão do presidente

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Spencer Platt / Getty Images North America / Getty Images via AFP

O governo debate se inclui no pacote de corte de despesas públicas preparado pelo Ministério da Fazenda mudanças nos cálculos do piso de Saúde e Educação. O modelo levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva prevê que os pisos deixarão de ser vinculados à receita e passariam a ser atrelados aos limites de gastos do arcabouço fiscal, pelo qual as despesas não podem crescer mais de 2,5% acima da inflação.

Lula chamou os ministros da Educação, Camilo Santana; e da Saúde, Nísia Trindade, para uma reunião no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, porque essas pastas podem ser afetadas pelos cortes. Os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (GestãO) já vinham debatendo os cortes de gastos e também participaram do encontro, além do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

A desvinculação dos pisos de saúde e educação da receita vinha sendo defendida há mais tempo por integrantes do Ministério da Fazenda e começa a ganhar adesão entre auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de acordo com integrantes do governo.

A ala política do Palácio do Planalto avalia, no entanto, que isso poderá gerar desgastes dentro do PT e em outros setores da base de esquerda de Lula, se for adiante. A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, já se manifestou publicamente contra a ideia, ao se referir que esta "não seria uma opção válida nem justa para financiar outras áreas de governo".

Antes da entrada em vigor do arcabouço fiscal — regra que hoje ordena as contas públicas do país, aprovada pelo governo Lula em 2023 —, o teto de gastos, criado pelo ex-presidente Michel Temer, havia determinado que os pisos de Saúde e Educação fossem corrigidos, ano a ano, apenas pela inflação.

Com o fim do teto de gastos, voltaram a valer as previsões constitucionais para despesas com essas rubricas.

Assim, a partir de agora, os gastos com Saúde precisam representar ao menos 15% da receita corrente líquida do governo federal. E os com Educação devem ser de 18% da receita líquida de impostos. É isso que está previsto na Constituição. Mas esta regra representa um forte impacto para o atual arcabouço fiscal, que prevê que as despesas totais do governo devem crescer entre 0,6% e 2,5% acima da inflação a cada ano.

Dessa forma, o que a Fazenda estuda é limitar o crescimento dos gastos das áreas às mesmas regras do arcabouço fiscal. Assim, os pisos cresceriam no máximo até 2,5% acima da inflação.

Outra alternativa é colocar para “dentro” dos pisos de educação e saúde as emendas parlamentares destinadas a essas rubrica. As mudanças precisam ser aprovadas por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC).

Ainda não há data confirmada para os anúncios das medidas. Dentro do Planalto, auxiliares de Lula consideraram um alívio a queda do dólar e dos juros futuros nesta segunda-feira, após a fala de Haddad de que as discussões estão na reta final.

Após a reunião desta segunda, a Fazenda disse "o quadro fiscal do país foi apresentado e compreendido, assim como as propostas em discussão". Além disso, afirmou que outros ministérios serão chamados pela Casa Civil para que também possam opinar e contribuir.

O ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias, também foi chamado para esta segunda, mas não pode participar pois estava retornando de uma viagem no Exterior. O ministro deve ser chamado na terça-feira para uma nova rodada de conversas com a equipe econômica.

Um dos pontos mais sensíveis é o que fazer com os gastos do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que disparou nos últimos meses.

Está praticamente fora de questão desvinculá-lo do salário mínimo. Como mostrou O GLOBO, o governo vai propor em novembro ao Congresso Nacional um projeto de lei com o novo regramento para acesso e manutenção de pessoas, numa tentativa de bloquear o pagamento a quem não se integra às regras do benefício.

Veja também

Câmara acelera projeto que prevê prisão em audiências de custódia de crimes hediondos
Brasil

Câmara acelera projeto que prevê prisão em audiências de custódia de crimes hediondos

Fazenda diz que outros ministérios serão chamados para debate sobre corte de gastos
Fazenda

Fazenda diz que outros ministérios serão chamados para debate sobre corte de gastos

Newsletter