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"Governo é indiferente", diz ministro de Lula sobre volta de Bolsonaro

Para o Palácio do Planalto, declarações do governo sobre Bolsonaro devem mirar apenas as suspeitas que recaem sobre ele, como no caso das joias, isolando-o do debate político

O ministro da Secretaria-Geral de Governo, Márcio Macêdo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto O ministro da Secretaria-Geral de Governo, Márcio Macêdo e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto  - Foto: Ricardo Stuckert

O ministro da Secretaria-Geral de Governo, Márcio Macêdo, afirmou que o governo "é indiferente" ao retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Brasil. Após uma temporada de três meses nos Estados Unidos, Bolsonaro desembarcou em Brasília na manhã desta quinta-feira (30). Macêdo participou da primeira reunião do dia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Alvorada ao lado do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais).

"O governo é indiferente a ele voltar ou não voltar. Do ponto de vista da política, ele tem que estar preocupados com os crimes que ele cometeu. Ele volta a terá que responder na Justiça comum" disse Macêdo ao GLOBO.

No início da manhã, auxiliares de Lula ainda avaliavam o tamanho da recepção a Bolsonaro em Brasília. Na avaliação de aliados do presidente, as declarações sobre Bolsonaro devem mirar apenas as suspeitas que recaem sobre ele, como no caso das joias, isolando-o do debate político.

O PT e os movimentos sociais estarão atentos às falas do ex-presidente para a eventual necessidade de resposta. Como mostrou O GLOBO, o presidente vem sendo orientado a não tratar de Bolsonaro publicamente e evitar a todo custo rebater eventuais ataques para não dar palanque ao político do PL.

"Bolsonaro não é assunto para o governo, temos que governar. Ele tem todo direito de voltar, nós vamos tocar o barco e ver qual tom que ele vai vir" afirma o ministro.

O cuidado com as palavras de Lula foi redobrado após a repercussão negativa da declaração do petista contra o senador Sergio Moro (União-PR). Na semana passada, o ex-presidente colocou em dúvida a operação da Polícia Federal para desbaratar o plano de uma facção de sequestrar o ex-juiz, ao dizer que se tratava de "uma armação" do parlamentar. A afirmação foi considerada uma "derrapada" no entorno presidencial.

Em meio a divulgação dos detalhes do novo arcabouço fiscal, que ocorrerá nesta manhã no Ministério da Fazenda, o governo pretende passar a mensagem que não está tratando de Bolsonaro. Ficará a cargo partidos aliados e do próprio PT reações políticas mais contundentes. Na noite de quarta-feira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, gravou um vídeo com provocações ao ex-presidente, lembrando que ele precisará prestar contas à Justiça.

"Aproveite para explicar à Justiça os crimes que você é acusado de ter feito no governo e na campanha. Você pode voltar quando quiser, o que não voltará jamais é o tempo sombrio em que você infelicitou esse país" disse Gleisi em um vídeo gravado na sede do PT em Brasília.

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