Governo federal suspende publicidade oficial no X e aguarda evolução de embate com Musk
Fonte do Planalto afirma que a decisão valerá 'até ver como vai ficar' o imbróglio envolvendo o dono da plataforma
A Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República informou, nesta sexta-feira, que decidiu suspender novas campanhas de publicidade no X (antigo Twitter). A medida ocorre em meios aos ataques do bilionário Elon Musk, dono da plataforma, ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo fontes do Planalto, o governo entende que investir ou não numa determinada rede social para ações específicas é uma decisão estratégica tomada caso a caso. Ao contrário do que acontece com televisão e rádio, que são concessões públicas, não é preciso observar critérios como índices de audiência, por exemplo.
Na prática, portanto, o Executivo apenas deixará de incluir o X em novas campanhas governamentais — medida que, ainda na avaliação desses interlocutores, não necessita de um ato oficial ou formal. Uma fonte afirma que a decisão valerá "até ver como vai ficar" o imbróglio envolvendo Musk, cuja postura pode impactar os próximos passos do Planalto.
Desde que a crise escalou, Lula tem dado sucessivas indiretas com referência ao sul-africano. Na última quarta-feira, por exemplo, o presidente afirmou que não é possível permitir que "empresário que nunca produziu um pé de capim" no país ataques ministros do STF. Antes, o petista já havia citado um "bilionário fazendo foguete" para buscar locais habitáveis fora do planeta Terra, acrescentando que ele teria que "aprender a viver aqui" e "usar muito do dinheiro dele para ajudar a preservar (o meio ambiente) e melhorar a vida das pessoas".
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Nos últimos dias, o dono do X vem ameaçando descumprir decisões proferidas pelo STF, como o bloqueio de contas acusadas de propagar desinformação ou conteúdos antidemocráticos. O bilionário alega que haveria excessos em medidas impostas sobretudo por Alexandre de Moraes, que violariam, segundo seu entendimento, a liberdade de expressão.
Musk chegou a pedir, em uma publicação, a renúncia do ministro, contestou abertamente sua atuação e o chamou de "traidor" do povo e da Constituição brasileira. Além disso, ele vem ameaçando fechar as operações da sua empresa no Brasil. Nesta sexta-feira, o empresário ouviu pessoalmente do presidente da Argentina, Javier Milei, a sugestão para que transferisse as atividades do X para o país vizinho.
No último domingo, após as ameaças de Musk, Moraes determinou abertura de uma investigação contra o empresário e uma multa diária de R$ 100 mil por perfil, caso plataforma desobedeça a qualquer ordem judicial, dentro do inquérito que apura a existência de milícias digitais.