Governo Lula exonera general Dutra do Comando Militar do Planalto na véspera de depoimento à PF
Militar já estava afastado do posto desde o dia 16 de fevereiro
Foi publicada no Diário Oficial a exoneração do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que estava à frente do Comando Militar do Planalto (CMP) no dia dos ataques golpistas de 8 de janeiro. O militar estava afastado do cargo desde o dia 16 de fevereiro, mas só foi deixou oficialmente o posto um dia antes de seu depoimento à Polícia Federal, previsto para esta quarta-feira.
Desde seu afastamento, Dutra passou a ocupar o cargo de subchefia no Estado-Maior do Exército. (EME). A troca de lotação chegou a ser divulgada em um informativo interno Exército, mas ainda precisava ser chancelada pelo Palácio do Planalto e publicada no Diário Oficial da União, o que ocorreu nesta terça-feira. A decisão foi tomada após uma reunião do Alto Comando e a movimentação teve como objetivo dirimir os pontos de atritos com o entorno do presidente Lula.
A troca no Comando Militar do Planalto aconteceu já que integrantes do Palácio do Planalto acreditavam ter havido uma leniência do general com os golpistas que ficaram acampados na frente do Quartel-General. Ao militar também é atribuída a decisão de não retirar os vândalos que retornaram ao local após a invasão a Praça dos Três Poderes. Na ocasião, o general alegou que uma ação noturna para prender as pessoas poderia terminar em violência. Ele citou que havia mulheres, crianças e idosos entre os manifestantes.
Leia também
• MPF processa União e deputado General Girão por estímulo a protestos antidemocráticos
• Ônibus do Exército e depoimentos em salas separadas: como a PF ouvirá militares sobre atos golpistas
• Inspeção e degustação: saiba como foi a visita de ministros do STF a presos por atos golpistas
Depoimentos
Oitenta e nove militares do Exército devem prestar depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira sobre os ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro. Eles estão sendo ouvidos desde o início da manhã na Academia Nacional da PF — o mesmo local para onde mais de 1.500 pessoas foram levadas presas no dia seguinte aos atos golpistas.
A PF montou um esquema especial para realizar as oitivas simultaneamente — 50 delegados foram escalados. Pela programação definida pela corporação, 49 militares devem ser ouvidos pela manhã, a partir das 8h, e os outros 40 a partir das 14h.
Dos que foram pela manhã, a maioria chegou sem advogado. Alguns dos militares foram prestar depoimento usando a farda militar. O Exército também forneceu um ônibus e um caminhão para levar alguns dos inquiridos.