Gestão

Governo nomeia filho de relator do orçamento para cargo na Codevasf

Ministro do Desenvolvimento Regional também conseguiu cargo no DNIT e deputado do PSD no DNOCs; órgãos são destino de emendas parlamentares e cobiçados por políticos

Marcelo Vaz é engenheiro agrônomo e filho do senador Marcelo Castro Marcelo Vaz é engenheiro agrônomo e filho do senador Marcelo Castro  - Foto: Reprodução / Redes Sociais

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu escolher Marcelo Vaz da Costa e Castro para comandar a superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) no Piauí.

Marcelo é engenheiro agrônomo e filho do senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do orçamento de 2023. A posse está prevista para a próxima segunda-feira.

Além de ter relatado o orçamento deste ano, o senador é presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado, que ficou responsável pelo manejo de R$ 6,5 bilhões das extintas emendas de relator — instrumento pelo qual era praticado o orçamento secreto, com destinação de verbas sem transparência para angariar apoio no Congresso. A informação da escolha do filho do senador foi divulgada pelo jornal "Folha de S. Paulo" e confirmado pelo Globo.

Procurado pelo Globo, Marcelo Castro disse que a indicação não tem relação com os cargos que exerce no Congresso e afirmou que outros parlamentares da base de Lula também conseguiram emplacar aliados sem precisarem relatar o orçamento.

– Eu não estou indicando porque sou relator, estou indicando porque sou um senador da base do Wellington Dias (ministro do Desenvolvimento Social e senador licenciado pelo PT do Piauí) – declarou Castro.

Além do filho do senador, o governo destravou outras nomeações para postos estaduais no Piauí. O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, conseguiu indicar a superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) no estado. Já o deputado Júlio César (PSD) tem a coordenadoria do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) no Piauí.

A Codevasf tem um orçamento previsto de R$800 milhões para 2023. O órgão é tradicionalmente reduto de indicações políticas e costuma protagonizar escândalos de corrupção. Hoje, o comando nacional é de influência do União Brasil.

O diretor-geral do órgão é Marcelo Moreira, apadrinhado do líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA). Outras diretorias da coordenação nacional também estão sob a influência do partido. Os deputados Fernando Coelho Filho (União-PE) e Paulo Azi (União-BA) emplacaram cargos de direção na Codevasf.

Outras superintendência estaduais também são negociadas para atrair apoio de partidos que hoje não estão na base. Os deputados Hugo Motta (Republicanos-PB) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) devem garantir cargos para aliados em seus estados.

– Somos aliados no Piauí desde 2002, todas as eleições eu votei no Lula, votei na Dilma duas vezes, votei no Haddad, votei no Lula agora de novo. Eu e todos os deputados que votaram no Lula fazem parte da base do governo, estão indicando cargos em seus estados – afirmou Marcelo Castro.

De acordo com o emedebista, a indicação só seria inadequada se o filho não exercesse uma profissão ligada à Codevasf. – "O senador Marcelo Castro indicou o filho dele para ser superintendente da Codevasf, mas o filho dele é um artista plástico". Não, o meu filho é agrônomo – disse.

– Ele tem experiência em irrigação. Há muitos e muitos anos ele tem plantio de banana. É bem sucedido, tem em torno de 100 hectares de banana irrigada. A Codevasf é uma órgão de desenvolvimento regional, a expertise maior da Codevasf é a irrigação. Ele vai levar essa experiência privada para a experiência pública – completou.

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