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Política

Grande parte dos índios não sabe o que é dinheiro, diz Bolsonaro

O presidente voltou a defender a ampliação do uso de arma, especialmente no campo. "A arma de fogo é a garantia de que vai se viver numa democracia", afirmou

Presidente Jair BolsonaroPresidente Jair Bolsonaro - Foto: Evaristo Sá/AFP

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quarta-feira (4) que grande parte dos indígenas não sabe o que é dinheiro. Ele também afirmou que quilombolas já tem terras tituladas suficientes no Brasil.

"A Funai [Fundação Nacional do Índio], quando assumi a transição [de governo], tinha destinado R$ 50 milhões para o índio mexer com Bitcoin. Não sabe nem, com todo o respeito, grande parte não sabe nem o que é dinheiro", afirmou o presidente à Rádio 96 FM de Natal (RN).

Em seguida, o presidente disse que o governo está "libertando o índio" ao estimular que eles utilizem a terra para a produção. Ele afirmou que o governo não demarca mais terras a indígenas e quilombolas. Na versão do presidente, o reconhecimento destes territórios tinha intenção de "inviabilizar a agricultura".

"Por que o campo está feliz com a gente? Nós não demarcamos mais terra indígena", disse Bolsonaro.

"Se demarcar tudo o que está na Justiça, acabou o Brasil", declarou, referindo-se aos territórios de quilombolas. "Já foi demarcado o suficiente."

 

O presidente voltou a defender a ampliação do uso de arma, especialmente no campo. "A arma de fogo é a garantia de que vai se viver numa democracia", afirmou.

O governo Bolsonaro cancelou, em janeiro de 2019, contrato de R$ 44,9 milhões entre a Funai e a UFF (Universidade Federal Fluminense) que, entre outros pontos, previa a elaboração de uma chamada criptomoeda indígena. Cumprindo promessas e indicativos que deu durante a campanha eleitoral de 2018 e em boa parte de sua carreira política, Bolsonaro ampliou de forma expressiva em seus dois primeiros anos de governo um processo de desmonte e esvaziamento dos órgãos responsáveis por cuidar do meio ambiente e das questões indígena e agrária.

Sob o governo de Bolsonaro, processos de titulação de territórios de quilombolas travaram e caiu o orçamento para trabalho de campo e indenizações de terra, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo. Em janeiro de 2020, o presidente disse que o indígena está "evoluindo" e se tornando um "ser humano igual a nós".

A oposição a demarcações de terras indígenas começou já no primeiro mandato de Bolsonaro como deputado federal (1991-1995), quando tentou impedir a criação da Terra Indígena Yanomami, homologada em 1992 pelo então presidente Fernando Collor.

Durante a campanha presidencial, Bolsonaro disse que não iria homologar mais nenhuma terra indígena, promessa que vem mantendo durante o mandato, apesar de ser um direito previsto na Constituição de 1988.

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