Homem do relógio, Fátima Tubarão, líder intervencionista: quem são os 371 réus já condenados no STF
Alguns dos alvos que mais ganharam evidência foram sentenciados a 17 anos de prisão
O Supremo Tribunal Federal (STF) já condenou 371 pessoas pelos atos golpistas do 8 de janeiro, que completam dois anos nesta quarta-feira. Alguns dos alvos tornaram-se famosos, como homem que destruiu um relógio histórico no Palácio do Planalto e a mulher que ficou conhecida como "Fátima Tubarão".
Antônio Cláudio Alves Ferreira, que foi filmado destruindo o relógio, foi condenado a 17 anos de prisão e começou a cumprir a pena em dezembro. A peça destruída por ele é uma das que serão apresentadas em cerimônia nesta quarta no Planalto, após ter sido restaurada. O relógio foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI e veio para o Brasil com a família real portuguesa, em 1808.
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Outra investigada que ganhou evidência foi Maria de Fátima Mendonça Jacinto, conhecida como Fátima Tubarão, em referência a sua cidade de origem, em Santa Catarina. Ela também foi condenada a 17 anos de prisão e começou a cumprir pena em novembro.
Em gravação feita no dia 8, Fátima diz que estava "quebrando tudo", que era uma "guerra" e que iria "pegar o Xandão agora", em referência ao ministro Alexandre de Moraes. Em outra gravação, declarou que era preciso retirar do poder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Em dezembro, Ana Priscila Silva de Azevedo também foi condenada a 17 anos. Ela foi apontada pela Procuradoria-Geral da República como líder de um movimento que defendia uma intervenção militar. Ainda há um recurso pendente contra sua condenação.
Outros investigados aguardam para serem julgados. É o caso de Débora Rodrigues dos Santos, que pichou a estátua A Justiça, que fica em frente ao STF. Ela tornou-se ré em agosto.
Maioria de crimes graves
Entre as condenações, 225 foram pelos crimes mais graves, como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Foram alvo dessas acusações principalmente quem atuou diretamente no ataque às sedes dos Três Poderes. As penas, nesses casos, variaram de 11 anos e seis meses até 17 anos de prisão.
Também houve 146 condenações pelos crimes considerados mais simples: incitação ao crime, com incentivo à animosidade das Forças Armadas, e associação criminosa. Foi o caso de quem foi preso no acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército.
Para essas pessoas, foi apresentada a possibilidade de realizar um acordo de não persecução penal (ANPP), que encerra o processo em troca da realização de medidas alternativas à prisão. Foram fechados 527 acordos desse tipo. Entretanto, quem não concordou, ou não podia fechar por outros motivos, foi julgado e condenado a um ano de prisão, pena substituída pela prestação de serviços.