Indiciado pela PF, Bolsonaro se diz pré-candidato a presidente mesmo estando inelegível
Ex-presidente disse em entrevista que houve debates sobre a decretação de um estado de sítio no país, mas afirmou que 'não é crime discutir a Constituição'
Indiciado pela Polícia Federal no inquérito sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem reforçado a aliados e seguidores que pretende ser candidato à presidência em 2026, apesar de seguir inelegível por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Bolsonaro evita citar quem seria o seu candidato nas próximas eleições, caso não possa se lançar à presidência e, em entrevista ao Globo neste mês, o ex-mandatário afirmou que aposta no Congresso para reverter a sua inelegibilidade.
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Bolsonaro não se manifestou após o indiciamento, mas em outras ocasiões negou que tenha participado de uma tentativa de ruptura institucional. Ao Globo há duas semanas, ele disse que houve debates sobre a decretação de um estado de sítio no país, mas afirmou que “não é crime discutir a Constituição”.
No ano passado, a Corte do TSE entendeu que o ex-presidente praticou abuso de poder político e usou indevidamente meios de comunicação ao atacar, sem provas, as urnas eletrônicas em uma reunião com embaixadores às vésperas da campanha de 2022.
Com isso, seis meses após deixar o poder, Bolsonaro ficou impedido de disputar um cargo público até 2030 e se tornou o primeiro ex-presidente na História a perder os direitos políticos em um julgamento no TSE.
Questionado em relação ao nome que poderia substituí-lo nas urnas, o ex-presidente disse acreditar em uma articulação que permita ao Congresso concedê-lo a Anistia. Também em entrevista ao Globo, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que a volta da elegibilidade de Bolsonaro poderia vir por meio da inclusão de um dispositivo no texto que anistie os condenados pela invasão às sedes dos três poderes em Brasília. A instalação de uma comissão especial para tratar do tema no Congresso, entretanto, perdeu força com o recente ataque de um homem-bomba em Brasília, na última semana, e da revelação de uma trama que planejava o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
— O candidato sou eu. Se pegar qualquer candidato da direita, cada um tem a sua qualidade e defeito. Mas o que é uma campanha presidencial? É preciso ter uma aceitação no Brasil todo. Se lá na frente tiver um problema, se eu infartar hoje, morrer hoje, vão buscar alguém parecido comigo. Tem alguém parecido no momento? Olha, se eu for em Cristalina (GO) amanhã, eu tenho certeza de que pelo menos vou ter 2 mil pessoas para me receber lá. No mínimo. Se outro candidato de direita, sem falar nome, falar que vai lá, quantas pessoas vão recebê-lo? Até eu morrer, sou eu o candidato — afirmou ao Globo.
No inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal indiciou, entre outras pessoas, Jair Bolsonaro, os generais Heleno e Braga Netto, o delegado Alexandre Ramagem e o presidente do PL Valdemar Costa Neto.
O documento cria cinco eixos da investigação: ataques virtuais a opositores; ataque às instituições, às urnas eletrônicas, ao processo eleitoral; tentativa de golpe de Estado; ataque às vacinas contra Covid, e uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.