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CARTA ABERTA

Indígena bolsonarista se diz arrependido por atos antidemocráticos e pede perdão a Lula e Moraes

No texto, José Serere diz que cometeu equívoco ao defender a tese de "fraude nas urnas eletrônicas"

O indígena José Acácio Serere Xavante foi preso por envolvimento em protestos antidemocráticosO indígena José Acácio Serere Xavante foi preso por envolvimento em protestos antidemocráticos - Foto: Reprodução

Preso desde o dia 12 de dezembro por incitar atos antidemocráticos, o indígena José Serere Xavante, de 42 anos, diz que se arrependeu de ter levantado suspeitas infundadas contra as eleições e pediu perdão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O pedido de desculpas consta numa carta aberta divulgada nesta quinta-feira pelos advogados dele.

No documento, ele diz que "cometeu um equívoco ao defender a tese de que haveria fraude nas urnas eletrônicas" e que "não há nenhum indício concreto que aponte para o risco de distorção" nas eleições.

"Defendi a tese da suposta fraude, com base em informações erradas, que me foram fornecidas por terceiros, que agora olhando para trás vejo que estavam inteiramente desvinculadas da realidade", afirmou o indígena da etnia Xavante.

A mudança de postura ocorre após Lula tomar posse como novo presidente da República e ele trocar a equipe de advogados que o defendia. Em 14 de dezembro, ele teve um pedido de habeas corpus recusado pelo ministro do STF Luis Roberto Barroso. A defesa dele estuda fazer uma nova solicitação para libertá-lo.

Serere está detido no Complexo Penitenciária da Papuda, em Brasília, em função de um pedido da Procuradoria-Geral da República atendido por Moraes. Em protesto contra a prisão do indígena, um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu uma série de atos de vandalismo na capital federal, com depredação de carros e ônibus e tentativa de invasão da sede da Polícia Federal.

Na carta, Serere condenou os atos de violência: "Não defendi e não defendo ruptura democrática, nem acredito em métodos violentos, e ou qualquer tipo de violência como método de ação política". No dia seguinte às depredações, em 13 de dezembro, ele já havia feito um apelo aos seus seguidores para que não entrassem em conflito com as forças policias.

Contexto
Vídeos compartilhados nas redes sociais antes da prisão mostram o indígena fazendo discursos inflamados contra Lula, Moraes e o processo eleitoral, inclusive diante de Bolsonaro no 'cercadinho' do Palácio do Alvorada.

— Não entrega o cargo da Presidência do país — pediu Serere Xavante ao ex-presidente, que ficou calado, em 7 de dezembro.

Dois dias depois, ele declarou que Lula não iria tomar posse, chamou os ministros do STF de "bandidos" e pediu para Bolsonaro decretar a Garantia da Lei e da Ordem. Em um protesto golpista realizado no Park Shopping, o indígena levantou suspeitas infundadas contra o resultado eleitoral:

— Houve fraudes, nós exigimos a anulação dessa eleição ou vai acontecer aqui uma guerra civil. Vamos detonar esse povo bandido do STF — diz ele.

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