Influente no último governo, líder do Movimento Proarmas elegeu-se deputado com apoio bolsonarista
Durante a pré-campanha de 2022, o militante armamentista Marcos Pollon recebeu o aceno de Jair e Eduardo Bolsonaro para se cacifar ao cargo
Líder do Movimento Proarmas, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) teve encontros formais com integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o próprio ex-mandatário, e contou com o apoio do clã Bolsonaro para se cacifar nas eleições de 2022.
Durante os anos da gestão passada, ele particiou de uma série de reuniões com ministros e com o então presidente dentro e fora do Palácio do Planalto, como representante da organização pró-armas. Pollon foi o responsável pela realização de evento armanentista do qual participou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) neste domingo.
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Criador do Movimento Proarmas, o advogado tinha bastante entrada durante o governo Bolsonaro. Em setembro de 2020, teve um encontro com o então ministro da Justiça e da Segurança Pública, André Mendonça — hoje ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) —, para falar sobre o projeto proarmas. No encontro, que ocorreu em setembro de 2020, Pollon esteve acompanhado, além do ministro, da deputada federal Bia Kicis, da tropa de choque do bolsonarismo na Câmara dos Deputados.
O estudo para a liberação do porte e da posse de armas de fogo passa pelo crivo da Polícia Federal, corporação sob a alçada da pasta então comandada por Mendonça.
Mesmo depois da saída de Bolsonaro da Presidência, Marcos Pollon registrou uma série de agendas com o ex-presidente, em que teriam discutido os rumos da direita no Mato Grosso do Sul, reduto eleitoral do parlamentar. Em uma das últimas postagens, feita há quatro dias, um vídeo mostra os dois almoçando com colegas em um restaurante.
Apoio a candidatura
Durante o período eleitoral do ano passado, Pollon contou com cabos eleitorais relevantes para se cacifar como deputado federal. Ainda no período pré-eleitoral, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro Onyz Lorenzoni (PL-RS) gravaram mensagem em apoio ao armamentista:
— Sem liberdade, não há vida e a arma realmente garante que você não seja escravizado. A todos vocês CACs, um grande abraço. Parabéns, Onyx e também parabéns ao Marcos Pollon, nosso guerreiro aí pelo nosso direito, defendendo os CACs pelo Brasil todo — afirmaram, na mensagem.
Pouco tempo depois, ele contou com o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se refere a Pollon como "um amigo":
— Eu confesso que adorei que ele é pré-candidato pelo PL no Mato Grosso do Sul. É o lider do (Movimento) Proarmas, trabalha pela causa porque ele gosta. Tudo que a gente faz gostando, faz perfeito. No Congresso, vai ser uma força não só para quem defende um acesso mais fácil a armas de fogo — afirma.
Evento em Brasília
Pollon também não esconde a proximidade com o deputado federal Eduardo Bolsonaro, com quem dividiu um trio elétrico no domingo, durante o IV Encontro Proarmas Pela Liberdade, em Brasília. O evento chamou atenção depois de uma declaração do filho "zero três" que compara "professores doutrinadores" a traficantes de drogas. O pronunciamento levou parlamentares de partidos da oposição a entrar com ação na PGR e no STF contra Eduardo.
— Se tivermos uma geração de pais que prestem atenção na criação dos filhos, tirem um tempo para ver o que eles aprendem nas escolas, não vai ter espaço para professor doutrinador querer sequestrar as nossas crianças. Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar e levar nossos filhos para o mundo do crime — afirmou.
Em uma série de publicações, Eduardo aparece ao lado de Marcos Pollon ou em defesa do movimento pró-armas, no perfil oficial.
Ainda durante o governo Bolsonaro, Pollon ainda divulgou encontros com integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para discutir o programa pró-armas. Em setembro de 2021, ele teve ma reunião com o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, destituído do cargo após suspeitas de uso político da PRF para dificultar o translado no segundo turno das eleições de 2022. Pollon estava acompanhado do deputado Eduardo Bolsonaro.
Entraves da bancada da bala
O evento organizado por Marcos Pollon em Brasília neste final de semana ocorre em um contexto de perda de relevância da Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como bancada da bala. O GLOBO mostrou nesta segunda-feira que o grupo, que teve muita evidência durante o governo Bolsonaro, perdeu tração no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e vê pautas relevantes para o movimento travadas no Congresso.
Durante a gestão passada, uma série de pautas da bancada da bala avançaram logo nos primeiros meses de governo, quando Bolsonaro editou uma série de decretos com a flexibilização de regras para o porte e a posse de armas de fogo no país. Muitas das regras afrouxadas, inclusive, foram restituídas pelo governo petista.