Integrantes do governo avaliam que ida de Bolsonaro à posse de Moraes terminou com saldo positivo
Bolsonaro estava ciente de que receberia recados duros do presidente do TSE
O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi à cerimônia de posse do ministro Alexandre de Mores como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na quarta-feira (17) à noite, ciente de que receberia duros recados do magistrado, como ocorreu.
Integrantes do governo afirmam que as declarações e Moraes corresponderam ao que ele já havia avisado que faria: da democracia e do combate às fake news, sem poupar temas indigestos ao titular do Palácio do Planalto. Bolsonaro foi um dos poucos que não aplaudiram as falas do novo presidente do TSE.
De acordo com a colunista do jornal O Globo Bela Megale, Moraes adiantou a Bolsonaro o teor de suas declarações na semana passada, quando magistrado entregou ao chefe do Executivo o convite para o evento. Reservadamente, ministros e assessores da Presidência tentaram minimizar o impacto do discurso do ministro. Argumentam que o novo presidente do TSE repetiu o que já havia dito em outras situações. Além disso, também consideraram positivas as referências feitas a Bolsonaro durante o discurso.
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A avaliação do entorno do presidente é que a decisão de comparecer ao evento foi positiva para Bolsonaro, que ficou frente a frente com seu principal adversário na corrida pelo Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na avaliação de integrantes do governo, ao ir à posse, Bolsonaro transmitiu duas mensagens: a de que não vai fugir de confrontos com desafetos e a de que respeita as instituições - apesar dos reiterados ataques que faz ao sistema eleitoral brasileiro e a integrantes do Judiciário.
Como determina o protocolo, o presidente foi acomodado na mesa das autoridades, ao lado de Alexandre de Moraes, o protagonista da cerimônia, enquanto Lula e os demais ex-presidentes - José Sarney, Michel Temer e Dilma Rousseff - ocuparam a primeira fileira da plateia. Durante o evento, Bolsonaro e Moraes conversam e foram fotografados rindo. A imagem foi celebrada por integrantes do governo que trabalham para que o presidente reconstrua sua relação com os principais nomes do Judiciário.
A ida de Bolsonaro à posse de Moraes foi debatida à exaustão por assessores da ala ideológica, ligados ao vereador Carlos Bolsonaro. Considerado o mais beligerante dos filhos, Carlos também esteve presente à cerimônia e, assim como o pai, não aplaudiu o discurso de Moraes em defesa das urnas. Entre os principais alvos do herdeiro do presidente nas redes sociais, estão justamente o sistema eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e o próprio Alexandre de Moraes.
Durante a cerimônia, o perfil de Bolsonaro no Twitter publicou críticas às gestões Lula e Dilma .No momento da publicação, Bolsonaro estava sentado frente a frente com os petistas. A publicação foi preparada por assessores próximos a Carlos Bolsonaro.
De acordo com pessoas próximas, Carlos decidiu ir à posse para demonstrar que segue próximo ao pai. Ao chegar na cerimônia, até cumprimentou Geraldo Alckmin (PSB), vice de Lula. Porém, pouco depois, usou as redes sociais para com uma foto ironizar o ex-governador de São Paulo.