BRASIL

Invasão em Brasília repercute na imprensa internacional e é comparada ao ataque ao Capitólio nos EUA

Veículos estrangeiros destacam recusa de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro em aceitar a vitória de Lula nas eleições de 2022

Bolsonaristas radicais fazem atos terroristas no Distrito FederalBolsonaristas radicais fazem atos terroristas no Distrito Federal - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A invasão de extremistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro às sedes dos três Poderes, em Brasília, ganhou destaque na imprensa estrangeira.

Manchete na página on-line de jornais como o britânico The Guardian, o New York Times e o francês Le Monde, os acontecimentos no Distrito Federal foram comparados ao ataque ao Capitólio, sede do Legislativo nos Estados Unidos, que ocorreu dois anos atrás após a derrota de Donald Trump nas eleições de 2020.

O Guardian, um dos maiores jornais do Reino Unido, diz que “extremistas se recusaram a aceitar a vitória de Lula nas eleições presidenciais do ano passado” e que as “imagens chocantes” mostram “uma violação de segurança impressionante que foi imediatamente comparada à invasão do Capitólio dos EUA em 6 de janeiro [de 2021] por seguidores de Donald Trump”.

O francês Le Monde afirma que os opositores de extrema-direita “que se recusam a aceitar a eleição de Lula conseguiram romper os cordões de segurança”, e que os bolsonaristas “pretendem atrapalhar” a volta do petista, que tomou posse no último domingo, ao poder.
 

No americano The New York Times, que acompanha a invasão ao vivo, os ataques são classificados como um “protesto alimentado por falsas alegações de fraude eleitoral” pelo ex-presidente. “(A invasão) foi a culminação violenta de incessantes ataques retóricos de Bolsonaro e seus apoiadores contra o sistemas eleitoral do país”, disse o jornal. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou a lisura do pleito de 2022.

O New York Times lembra ainda, em texto separado, que o ex-presidente Jair Bolsonaro está nos Estados Unidos, para onde foi antes da posse de Lula.

O Washington Post, também dos Estados Unidos, reforça o paralelo com a invasão ao Capitólio de 2021 e menciona a depredação dos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal. Extremistas quebraram vidros, mesas e assentos do plenário do STF e do Senado Federal.

“O incidente capturou os estranhos paralelos entre Bolsonaro e seu ídolo político, Trump, e ocorreu depois de meses em que os especialistas temeram uma ação que imitasse o estilo do 6 de janeiro aqui (nos EUA)".

O jornal afirma ainda que “de maneira semelhante a Trump, Bolsonaro alimentou o descontentamento em sua base desde a derrota” ao se recusar a admitir a derrota e passar o cargo. O ex-presidente viajou para Orlando, nos EUA, dias antes da posse de Lula para evitar a passagem da faixa presidencial, rito tradicional na troca do chefe do Executivo.

O espanhol El País relata que “radicais” realizaram a invasão “exigindo uma intervenção militar para remover do poder Luiz Inácio Lula da Silva”. O jornal destaca a dificuldade de o novo governo lidar com as manifestações bolsonaristas em frente a quartéis do Exército pelo país, que acontecem desde a derrota de Bolsonaro nas eleições.

Ele menciona as divergências entre a posição do novo ministro da Defesa, José Múcio, que chegou a classificar os acampamentos como “democráticos”, e o novo ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino, mais duro em relação aos acampamentos bolsonaristas.

“Como administrar as manifestações golpistas em frente aos quartéis tem sido uma das dores de cabeça que Lula enfrenta desde que assumiu a Presidência. O seu novo ministro da Justiça, Flávio Dino, foi desde o início favorável ao recurso à força caso os manifestantes não se dispersassem enquanto o chefe da Defesa, José Múcio, defendeu evitar a todo o custo o confronto”, escreveu o jornal.

A emissora britânica BBC diz que a posse de Lula parecia ter impactado as manifestações nos quartéis, mas que a invasão deste domingo mostra que a recusa dos apoiadores de Bolsonaro em aceitar a vitória do petista continua.

“Parecia que o movimento deles havia sido freado pela posse de Lula - os acampamentos em Brasília haviam sido desmantelados e não houve interrupção no dia em que ele tomou posse. Mas as cenas de domingo mostram que essas previsões eram prematuras”, diz a BBC.

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