Israel quer teste de spray contra Covid no Brasil porque país é miscigenado, diz Eduardo Bolsonaro
Em viagem a Israel, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) voltou a citar o interesse do governo brasileiro no spray nasal israelense que trataria de doentes graves da Covid-19. Após a chegada ao Ministério das Relações Exteriores de Israel, em Jerusalém, como parte da delegação brasileira liderada pelo ministro do Exterior Ernesto Araújo, o filho do presidente Bolsonaro voltou a dizer que o objetivo principal da viagem é falar sobre esse medicamento, desenvolvido pelo Hospital Ichilov (Tel Aviv), mas ainda em fase inicial de testes.
"O objetivo da viagem aqui dar todo o suporte necessário ao embaixador Ernesto Araújo nessa missão que tem tudo a ver com a pandemia", disse Eduardo Bolsonaro. "O novo medicamento, chamado EXO-CD24, tem tido uma eficiência perto de 100% nos primeiros testes com relação ao combate à Covid-19, e a nossa expectativa é de que nós possamos aqui traçar acordos de cooperação para trazer para
o Brasil a fase 3, a chamada fase de teste".
Segundo o deputado, os israelenses estariam interessados na participação brasileira porque "o Brasi é um povo famoso por ser miscigenado, com material genético bem diversificado". Isso ajudaria na obtenção de testes mais amplos sobre a droga.
"As expectativas são altas, estamos aqui cumprindo essa agenda, mas tem outras laterais também, como operação tecnológica, áreas de telemedicina e agência espacial", disse o filho do presidente.
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O Hospital Ichilov anunciou há um mês estudos com o spray nasal EXO-CD24, desenvolvido pelo professor Nadir Arber. A droga, anunciada no começo de fevereiro, foi testada apenas em 30 voluntários em estado grave que estavam internados no Ichilov, até agora. Segundo o hospital, 29 pacientes se recuperaram em 3 a 5 dias.
Entusiasmado, o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, chegou a receber o professor em seu gabinete e chamou a droga de milagrosa. Ainda não há, no entanto, resultados publicados em artigo científico de fase 1.
O governo brasileiro quer assinar um acordo com o Ichilov para realizar as fases 2 e 3 dos testes com o medicamento no Brasil. Para isso, o presidente Jair Bolsonaro disse que iria em breve pedir à Anvisa uma análise para uso emergencial da droga no Brasil.
A delegação do Itamaraty e de outros ministérios desembarcou em Israel neste domingo (7). O primeiro compromisso foi na chancelaria israelense, em Jerusalém, onde o ministro Ernesto Araújo foi recebido pelo colega israelense Gabi Ashkenazi. Araújo deve ser recebido nesta segunda-feira (8) pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O grupo inclui, também, o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Hélio Angotti Neto, o secretário de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência e Tecnologia, Marcelo Morales, os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Hélio Lopes (PSL-RJ), e o Secretário Especial de Comunicação Social do Ministério das Comunicações, Fábio Wajngarten.
Antes da chegada do ministro brasileiro e do filho do presidente, o chanceler israelense, Gabi Ashkenazi, perguntou a assessores como pronunciar o sobrenome de Eduardo Bolsonaro. Todos os presentes estavam usando máscara, que é obrigatória em todos os prédios e locais públicos, em Israel. Quem não usa máscara recebe uma multa que pode chegar a 500 shekels (cerca de R$ 850).
Israel está na vanguarda internacional no combate ao novo vírus, tendo empreendido uma campanha de vacinação em massa. Dados indicam uma queda brusca no número de infecções e mortes após o avanço da campanha de imunização.
Ao longo do ano passado, a estratégia dos israelenses para controlar a disseminação da Covid-19 esteve baseada em regras de isolamento social, incluindo lockdowns quando houve avanço na contaminação, e no rastreamento de pessoas contaminadas.
Já no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro desde o início da pandemia critica medidas de distanciamento social e promove aglomerações.
A velocidade da vacinação no país esbarra na escassez de doses após o fracasso de negociações com laboratórios produtores, como a Pfizer.