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Jair Bolsonaro, o "Messias" da extrema direita de volta ao Brasil

Aos 68 anos, o ex-presidente quer desempenhar um papel importante na oposição ao seu sucessor e inimigo, o veterano de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

Jair BolsonaroJair Bolsonaro - Foto: Mauro Pimentel / AFP

Depois de governar com estilo provocativo e uma série de escândalos, Jair Bolsonaro (PL) se autoexilou nos Estados Unidos por três meses, onde ficou praticamente calado. Agora o ex-capitão da extrema-direita retorna ao cenário político do Brasil.

Aos 68 anos, o ex-presidente quer desempenhar um papel importante na oposição ao seu sucessor e inimigo, o veterano de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e parece convencido de que pode voltar ao poder.

No entanto, ele enfrenta problemas jurídicos em várias frentes no país, onde seus quatro anos de governo (2019-2022) foram marcados por escândalos e crises, desde a desastrosa condução da pandemia de Covid-19 até suas denúncias de fraude eleitoral sem provas.

Conhecido por seu estilo provocativo e divisivo que rendeu o apelido de "Trump dos trópicos", Bolsonaro, ex-capitão do exército que se tornou deputado, irrompeu no cenário nacional como candidato à presidência em 2018 com um discurso anticorrupção.

Quando sobreviveu a um ataque a faca durante um comício de campanha em setembro daquele ano, isso apenas aumentou a fé dos apoiadores em seu "Messias" – o nome do meio de Bolsonaro.

Investigações
Este homem de vocabulário simples inflama o fervor dos direitistas com seus ataques ao "comunismo", à "ideologia de gênero" e ao politicamente correto.

Ele tem o apoio dos influentes lobbies de armas, do agronegócio e do vasto eleitorado evangélico.

Seus críticos, por outro lado, o acusam de racismo, sexismo e homofobia.

O apoio do centro político ao seu governo erodiu especialmente por causa da forma como lidou com a pandemia de coronavírus, que deixou 700 mil mortos no país, atrás apenas dos Estados Unidos em números absolutos.

Bolsonaro minimizou a Covid-19, desafiou as abordagens científicas para combatê-la, zombou do uso de máscaras e alertou que as vacinas podem transformar as pessoas em "jacarés".

Internacionalmente, foi criticado pela destruição da Amazônia, que aumentou mais de 70% durante sua gestão em relação à média anual da década anterior.

As controvérsias seguiram até os últimos dias de sua presidência e além.

Depois de perder para Lula nas eleições de outubro, Bolsonaro se recusou a parabenizar o adversário ou a admitir abertamente a derrota. Inconsolável, ele caiu em um silêncio melancólico, inclusive em suas redes sociais, sempre movimentadas.

Viajou para os Estados Unidos dois dias antes do fim do mandato e não compareceu à posse de Lula em 1º de janeiro.

Uma semana depois, milhares de apoiadores de Bolsonaro invadiram e vandalizaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal, em uma tentativa frustrada de derrubar Lula.

Ao retornar ao Brasil nesta quinta-feira, o ex-presidente enfrenta cinco processos no STF que podem condená-lo à prisão. O mais recente investiga se ele instigou os ataques de 8 de janeiro.

Bolsonaro também está sendo investigado pela polícia e pela Receita Federal em um escândalo que estourou neste mês, quando foi descoberto que ele tentou importar e reter milhões de dólares ilegalmente em joias que ele e sua esposa, Michelle, receberam da Arábia Saudita em 2019.

Uma controvérsia atrás da outra
Nascido em 1955 em Campinas, no estado de São Paulo, em família de origem italiana, Jair Messias Bolsonaro seguiu uma carreira militar marcada por episódios de insubordinação.

Saudoso da ditadura militar (1964-1985), iniciou sua carreira política como vereador do Rio de Janeiro em 1988. Dois anos depois, foi eleito para a Câmara dos Deputados, onde permaneceu até vencer a eleição presidencial.

Mas ficou conhecido sobretudo por suas controvérsias explosivas.

Em 2011, ele disse à revista Playboy que preferia ter um filho "morto em um acidente" do que homossexual. Em 2014, causou um escândalo ao declarar que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) "não merecia" ser estuprada por ser "muito feia".

Casado três vezes, este defensor da família que se define como católico tem quatro filhos - três deles políticos - e uma filha, gerada, segundo ele próprio, num momento de "fraqueza".

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