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Bolsonaro

Jair Bolsonaro, o polêmico ex-presidente fora de combate (por enquanto)

Desde que voltou de uma temporada de três meses nos Estados Unidos, em 30 de março, o ex-presidente tem se mantido ativo nos bastidores políticos

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro fala aos membros da mídia em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil, em 30 de junho de 2023O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro fala aos membros da mídia em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais, Brasil, em 30 de junho de 2023 - Foto: Douglas Magno / AFP

Após um governo marcado pelo estilo provocador em um mandato salpicado por uma série de escândalos, Jair Bolsonaro está fora do combate político ao ser declarado inelegível pelo TSE, embora não tenha a intenção de se afastar de quase metade do eleitorado brasileiro que votou nele em outubro.

Este ex-capitão do Exército, de 68 anos, foi declarado inelegível por oito anos nesta sexta-feira (30), por fazer ataques sem provas às urnas eletrônicas meses antes de perder as eleições para seu adversário político, Luiz Inácio Lula da Silva.

"Não vou me desesperar" se for condenado. "Vou continuar fazendo a minha parte", disse Bolsonaro dias antes do veredicto, convencido de sua importância como líder da direita.

Desde que voltou de uma temporada de três meses nos Estados Unidos, em 30 de março, o ex-presidente tem se mantido ativo nos bastidores políticos, com reuniões em Brasília com membros do Partido Liberal (PL), ao qual é filiado e que é majoritário no Congresso.

Seu mandato (2019-2022) foi marcado por escândalos e crises, da gestão que seu governo fez da pandemia de covid-19 a suas acusações infundadas de fraude eleitoral.

"Trump dos trópicos"
Conhecido por seu estilo provocador e divisivo que lhe rendeu o apelido de "Trump dos trópicos", Bolsonaro emergiu no cenário nacional como candidato à Presidência em 2018.

Com um discurso sedutor anticorrupção e de "azarão", ele cativou muitos brasileiros durante a campanha, cansados dos partidos tradicionais envolvidos em escândalos.

Ele sobreviveu a uma facada durante um comício de campanha em Juiz de Fora (MG), o que apenas aumentou a fé de seus apoiadores em seu "Messias".

Com sua linguagem popular, Bolsonaro incendiou o fervor dos conservadores com seus ataques ao "comunismo", à "ideologia de gênero" e à corrupção na política.

E ele contou com o apoio de influentes grupos lobistas, como das armas, do agronegócio e do vasto eleitorado evangélico.

Seus críticos, por outro lado, o acusaram de racismo, machismo e homofobia.

Ele sofreu um desgaste especialmente por seu gerenciamento da pandemia do coronavírus, que deixou 700 mil mortos no país, ficando atrás apenas dos Estados Unidos em números absolutos.

Bolsonaro minimizou a gravidade da covid-19, desafiou dados científicos para combatê-la, zombou do uso de máscaras e alertou, em tom irônico, que as vacinas poderiam transformar as pessoas em "jacarés".

Internacionalmente, ele foi alvo de críticas pelo desmatamento na Amazônia, que aumentou mais de 70% durante seu mandato em relação à média anual da década anterior.

Sumido das redes sociais
As polêmicas continuaram até os últimos dias de seu mandato e além.

Após perder as eleições por uma margem estreita, Bolsonaro se recusou a parabenizar o presidente eleito Lula e a admitir abertamente sua derrota. Ele mergulhou em um silêncio inédito, até mesmo em suas redes sociais, onde costumava ser hiperativo.

Bolsonaro viajou para os Estados Unidos dois dias antes do fim de seu mandato e não compareceu à posse do rival, em 1º de janeiro.

Uma semana depois, milhares de seus apoiadores invadiram e vandalizaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, em uma tentativa fracassada de derrubar Lula.

De volta ao Brasil, o ex-presidente enfrenta cinco processos no Supremo Tribunal Federal (STF) que poderiam levá-lo à prisão. O mais recente investiga se ele instigou os ataques de 8 de janeiro.

Ele também é investigado pela Polícia Federal e pelas autoridades fiscais por supostamente tentar entrar no país com joias não declaradas avaliadas em milhões de reais que ele e sua esposa, Michelle, receberam da Arábia Saudita.

Insubordinação
Nascido em 1955 em Campinas, interior de São Paulo, em uma família de origem italiana, Jair Messias Bolsonaro seguiu uma carreira militar marcada por episódios de insubordinação.

Abertamente nostálgico da ditadura militar (1964-1985), ele iniciou sua carreira política como vereador pelo Rio de Janeiro em 1988. Dois anos depois, foi eleito para a Câmara dos Deputados, onde permaneceu até se tornar presidente.

Desde o início de sua carreira política, ele ficou conhecido principalmente pelas seguidas controvérsias.

Em 2011, Bolsonaro disse à revista Playboy que preferia ter um filho "morto em um acidente" do que homossexual.

E em 2014, provocou um escândalo ao declarar que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) "não merecia" ser estuprada por ser "muito feia".

Casado três vezes, esse defensor da família, que se diz católico, tem quatro filhos homens - três deles também políticos - e uma filha, fruto, segundo ele próprio, de uma "fraquejada".

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