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João Campos faz balanço de primeiro mandato e projeta o próximo em entrevista à Folha de Pernambuco

Gestor recebeu jornalistas da Folha de Pernambuco para a conversa

Prefeito do Recife, João Campos recebe jornalistas da Folha de Pernambuco para entrevista de balanço do seu primeiro mandato e projeta os próximos quatro anos, em sua segunda gestão - Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Prestes a encerrar o seu primeiro mandato, que chega ao fim no próximo dia 31 de dezembro, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), concedeu entrevista à Folha de Pernambuco nesta quinta-feira (26).

Na conversa com os jornalistas, ele fez um balanço desses primeiros quatro anos de gestão, no qual abordou temas como saúde, política, educação, emprego, economia, esportes, mobilidade e cultura.

João Campos também prospectou os próximos quatro anos à frente da Prefeitura do Recife. A posse para esse segundo mandato, para qual foi eleito com 78,11% dos votos válidos nas eleições de outubro, será na próxima quinta-feira, 1º de janeiro de 2025.

Para o novo mandato, João Campos encaminhou projeto de lei de reforma administrativa, com a criação de secretarias, e foi aprovado pela Câmara do Recife em primeira votação.

Sobre a nova pasta de Ordem e Segurança Pública, João Campos detalhou que a ideia é emular a transformação digital feita no Conecta Recife e aplicar na gestão de território. 

“A gente vai ter todas as áreas operativas da prefeitura reunidas numa só secretaria, não vai ser fragmentado como era. A secretaria vai ter um olhar da gestão no território. Quando fazemos um olhar para o território, eu não quero saber de quem é a responsabilidade, mas o problema existe e precisa ser resolvido. Não tenho dúvidas de vamos dar um salto nessa gestão de território”, defendeu o prefeito. 

Em relação às alianças políticas, João falou sobre a composição do secretariado no novo mandato e metas definidas por sua gestão. 

“Sou político, um bom governo é aquele que tem a capacidade de construção política, de realização na gestão e de sensibilidade social. Tem que entregar resultado. E essa montagem do secretariado vai mostrar isso”,  completou. 

Sobre as eleições de 2026, em que seu nome é citado como possível candidato ao Governo de Pernambuco, o prefeito falou sobre a sua trajetória política e reforçou que ainda é cedo para falar neste pleito. 

“É cedo para falar de 26, estamos terminando 24 e 25 vai ser um grande ano de gestão. 26 vai ser em 26, é cedo para dizer o que vai acontecer. Eu fico feliz por ter o reconhecimento das pessoas da cidade, as pessoas conhecem nossa trajetória. Eu 2018, fui eleito deputado com a maior votação da história. Tenho certeza de que muita gente que votou em mim em 20 votou com dúvida. ‘Será que esse menino vai dar certo?’ Lá na frente em 26 com certeza a Frente Popular vai ter um nome”, falou João Campos. 

“Não tenho dúvidas de que o próximo governo vai ser melhor do que esse primeiro”, projetou.

Confira, a seguir, os temas abordados por João Campos:

Turismo, esportes e cultura
No balanço, João Campos ressaltou que as áreas de turismo, esportes e cultura, vêm da ideia de "viver a cidade". 

"Quando a gente constrói espaço público de qualidade, a gente está falando do viver a cidade. E isso passa por requalificação de praças, construção de parques, as novas expansões, a gente fez, por exemplo, o Parque da Tamarineira, fizemos a primeira parte e estamos em processo avançado para a segunda etapa. Quando a gente faz esse tipo de intervenção, a gente está falando de projetos que vão de encontro ao espaço público, mas com ativação cultural, turismo e esportes envolvidos". 

O prefeito também citou a expansão da rede de Academias Recife, a adição do módulo de crossfit na avenida Norte.

"Estamos dando um novo passo na gestão pública, que é a 'gamificação' e a bonificação do bom cidadão, da boa prática cidadã, atrvés da moeda social Capiba e a gente começou pelas Academia Recife, de gerar bônus para quem faz o exercício. O que a gente fez com a Capiba nas Academias Recife a gente quer escalar para outros serviços e áreas".

Especificamente na área de cultura, João Campos destacou o fortalecimento do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC). 

"A gente conseguiu lançar editais com valores crescentes. Fizemos o fortalecimento dos ciclos. Tivemos duas agendas, no primeiro momento foi a pandemia, tínhamos os incentivos, os editais e depois conseguimos superar isso e voltar à ativação normal. Lançamos o Move Cultura com requalificação de equipamentos, vai ser uma prioridade a requalificação dos equipamentos municipais"

"E no turismo, a gente tem ações supertransversais. Fizemos um projeto de benefício fiscal para retrofit hoteleiro. Não só a gente não aumentou nenhum imposto nesses quatro anos com a gente conseguiu reduzir a alíquota em algumas áreas, a exemplo do setor hoteleiro".

João Campos elencou ainda a requalificação da orla, captação de novos investimentos e a chegada de novos empreendimentos na Cidade. 

Reforma tributária
Ao se colocar como um defensor da reforma tributária no Brasil, João Campos disse que o sistema atual é "complexo" e "pouco eficiente". 

"Você em vez de tributar de forma coerente, tributa de forma incoerente, principalmente na tributação excessiva do consumo você penaliza a renda mais baixa. Hoje, se um bilionário ou uma pessoa que está no CadÚnico compra um quilo de feijão, vão estar sujeitos a mesma carga tributária. Eu sempre fui muito crítico do sistema de tributação. Imagino que o grande desafio vai começar a partir de agora"

"A grande tributação do futuro está baseada na plataforma de serviço, que hoje é o município que tributa o serviço e a gente está abrindo mão de tributar isso. Então o que é que a gente vai ter que fazer? Primeiro, acompanhar de forma muito rigorosa a regulamentação, ter um cuidado com qual vai ser o papel do município, garantir acuidade nos ambientes dos conselhos que farão essa modulação para você não ter uma presença minoritária de município e na prática município vai sendo derrotado pelas decisões de Estado e União"

João Campos aproveitou o tema para adiantar com exclusividade à Folha o nome de Ricardo Dantas como novo secretário de Finanças.   

Prefeito do Recife, João Campos, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco | Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Economia criativa
Questionado sobre as ações da Prefeitura do Recife no campo da economia criativa, João Campos defendeu que a base parte da formação de capital humano. Ele disse que não vai abrir mão desse ponto, ao integrar diversos níveis de educação. 

"A gente hoje está com ProUni, Protec e Embarque Digital, uma rede de escolas profissionalizantes própria que a gente tem, são 17 escolas, e uma matriz curricular na educação básica que dialogue com esse ambiente de inovação. Então a gente tem um compromisso de renovar o Embarque Digital, garantindo a formação em ensino superior. O Recife, no último censo escolar que saiu, a gente já está com quase 50% a mais de vagas por 100 mil habitantes em tecnologia do que o segundo colocado, que eu acho que é Porto Alegre. A gente com isso vai consolidando uma cidade como uma cidade que forma gente criativa e de que tem ambiente de emprego e de renda para o que se diz futuro. Então assim se a gente forma mais gente a gente vai ter mais mão de obra qualificada, mais negócios na área e a renda média da cidade aumenta"

Perguntando sobre novidades para o CredPop, programa de linhas de crédito da Prefeitura do Recife, o prefeito afirmou que a Cidade não se coloca como concorrentes de bancos, mas para preencher lacunas.

Parque semafórico do Recife
João Campos falou também sobre avanços no parque semafórico da Cidade. Segundo ele, foram instalados novos equipamentos para reduzir as reclamações sobre questões relacionadas à sincronização dos sinais no trânsito. 

"Quando o cidadão olha o sinal ele olha para a luz, Por trás, você tem um controlador que controla o tempo, tem um comunicador que comunica com a central e, nos principais você tem um nobreak, tem uma bateria. A gente fez uma troca de 100% dos controladores e comunicadores da Cidade. Do jeito que a gente tinha no nosso parque semafórico era impossível você criar uma lógica programada e e não suscetível a problemas, era tudo no fio. 

Agora todos esses são por 4G e todos têm a capacidade de receber mais de uma programação. Tem um semáforo que ele pode ter 30 programações diferentes, então de 5h às 6h é uma uma programação, de 6h às 9h é outra. A gente primeiro precisou contratar e instalar isso, levou mais de um ano a instalação, e agora a gente está trabalhando na fase final de um trabalho de consultoria para refazer a programação semafórico da Cidade"

O Recife também fechou um convênio de cooperação com o Google que passou a fornecer a base de dados do aplicativo de mobilidade Waze. 

"A gente cruza com essa priorização da programação semafórioca. A expectativa é que eu nos próximos 12 a 18 meses a gente tenha tudo isso completado, da reprogramação de toda rede semafórica"

Acordos políticos e relação com o MDB
Em relação aos acordos políticos para a gestão, João Campos falou sobre o MDB. O partido assumirá, com Raul Henry, a Secretaria de Relações Institucionais.

"Eu me sinto muito à vontade de falar do meu partido e eu respeito os outros partidos, então, assim, eu nunca vou fazer nenhum tipo de movimento de análise, de sugestão para outros partidos. O MDB é um grande partido brasileiro, é um partido que inclusive existe uma forma de comando muito respeitada, uma forma, como o nome já diz, democrática, onde você tem respeito à instâncias locais do partido, respeito aos diretórios, composições sempre de grupos nacionais, que muitas vezes se compõem, se alternam. O MDB é um partido que tem um nível de organicidade dentro do do comando do comando dele. Eu fiquei muito feliz de poder fazer a construção com o MDB aqui"

"Fiz um compromisso com o presidente [do MDB], Baleia Rossi. Disse que para a gente era muito importante, que eu gostaria de poder utilizar do nosso time na política para fortalecer o partido, então prometi que trabalharia para eleger três vereadores. E foi isso que foi feito, uma aliança ampla. 

"Não tenho dúvida de que Raul é um grande quadro, é uma pessoa que eu tenho uma afinidade política e pessoal grande e que vai fazer um grande trabalho ao nosso lado. Vem ocupar uma posição muito estratégica de construção política, de relação institucional, de presença com outros poderes, de relação do ambiente da gestão da prefeitura em Brasília. Para mim, é uma honra poder ter uma área estratégica da política da minha gestão sendo liderada por um partido que não seja o meu"

Renovação e fortalecimento do PSB
Ao abordar questões ligadas à renovação e ao fortalecimento do PSB, seu partido e do qual é vice-presidente nacional, João Campos destacou a importância de crescer e marcar presença nos municípios.

"Historicamente, é importante, é muito importante você ter história, valorizar a história, valorizar a trajetória do partido, mas também tem a capacidade de apontar para a frente, para o futuro. Isso faz parte de qualquer processo e o mais importante é o seguinte: o nosso partido sempre teve uma capacidade de se conectar com os interesses legítimos do povo que mais precisa, eu acho que o que nos traz aqui é uma representatividade do campo popular. Um dia foi liderado por Doutor Arraes, meu pai teve a oportunidade de liderar e eu estou tendo a chance de governar a Cidade. A forma mudou completamente, mas a quem você atende e trabalha é muito parecido"

Vice-prefeito Victor Marques na Secretaria de Infraestrutura
João Campos nomeu o vice-prefeito eleito Victor Marques (PCdoB) como secretário de Infraestrutura. Na conversa com a Folha, ele foi perguntado se essa era uma forma  de aproximar a figura do companheiro de chapa da população da Cidade e lapidá-lo como eventual futuro prefeito, em caso de saída para disputar o Palácio do Campo das Princesas em 26.

"Eu acho que alguém que está na posição de Victor como vice-prefeito, ele naturalmente já participa das instâncias centrais do governo, dos espaços de gestão, de monitoramento, da construção da 'área meio 'que a gente chama do governo, que é quem garante o funcionamento do governo enquanto estrutura pública, então ele já vai estar perto disso.

Então estar nessa área finalística, com certeza dá ainda mais chance de estar ali no dia a dia enfrentando os problemas reais da Cidade, a resposta rápida da Cidade, a grande obra, projeto de longo prazo, então com certeza, traz uma oportunidade a mais de poder realizar e não só estar vivendo a 'área meio', mas também viver a 'área fim', dá a chance de viver o governo por inteiro

Victor é um cara muito preparado e muito capaz. E também calha de ser alguém com formação política e formação técnica, ele assim como eu, é engenheiro civil e tem total condições de tocar uma área que é muito técnica. Quem passa pela Secretaria de Infraestrutura passa a ter também a dimensão de conhecer a Cidade por inteiro".

Prefeito do Recife, João Campos, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco | Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Aproximação de Raquel com o PT
Em visita recente ao Recife, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que enxerga a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB), como base do governo federal, diante da aproximação da gestora com o presidente Lula. 

Ainda no âmbito das eleições de 2026, João foi então questionado se enxerga hoje mais próximo ao presidente Lula ele próprio ou a governadora.

"Nós estivemos com Lula em diversos ou praticamente em quase todos os momentos históricos da democracia brasileira, se não num primeiro momento, no segundo momento. Participamos em 2022, que foi a eleição mais difícil da história recente democrática, apresentando uma alternativa construída pelo presidente de filiação de Alckmin, que passa a ser um grande quadro do partido, uma figura super honrada, mais uma construção política liderada por Lula. 

Hoje a gente tem uma chapa Lula-Alckmin vencedora, que governa o Brasil. Eu já manifestei isso. Eu já disse publicamente, disse isso no Roda Viva. Disse isso aqui na no anúncio de Victor: eu defendo a candidatura de Lula à reeleição. Lógico que não cabe a mim que ele seja candidato à reeleição e eu votarei nele. Eu sou aliado de Lula, eu tenho posição e aprendi desde muito cedo a ter lado. Eu ter ladonão significa que a gente precisa ser estreito ou você pode deixar de ser amplo, eu não tenho nenhuma dúvida que eu tive voto de muitas pessoas que não votam em Lula.

Eu sou aliado de Lula e vou trabalhar para ele ser candidato à reeleição para votar nele. Eu digo com muita clareza, tenho posição, tenho lado e não não fico à mercê der conveniência para escolher no ano eleitoral em quem votar. Eu tenho lado"

"Recorde de trabalho e de entrega"
Eleito deputado federal por Pernambuco em 2018 com mais de 460 mil votos, a maior votação da história para o cargo, e reeleito prefeito no Recife em 2024 também com adesão recorde de quase 78%, João Campos respondeu sobre o que espera para a sequência de sua carreira política. 

"Recorde de trabalho e de entrega, já foi o de votos. Para responder a tudo isso tem que ser recorde de obra, de agenda, de inauguração, de entrega. Eu gosto do que faço, eu acho que metade do caminho numa caminhada da vida é você gostar do que faz, é reunir um bom time, ter a competência de fazer e entregar. 

A primeira parte foi feita, que é o reconhecimento das pessoas. Quando as pessoas dão uma votação desse tamanho, eu imagino que tem dois sentimentos. Um primeiro é um sentimento de 'Valeu, João, você trabalhou bem!' e o segundo é: 'Agora é trabalhar ainda mais por a gente'". 

Presidência da República
Recepcionado em agendas institucionais muitas vezes aos gritos de "meu presidente", João Campos respondeu se chefiar o Executivo nacional é algo que lhe fascina.

"Eu acho que você ter o reconhecimento é algo que lhe deixa feliz, mas eu aprendi com minha mãe a todo dia sair de casa, boto o pé no chão e tenho humildade e vivo um dia de cada vez. O futuro a Deus pertence, trabalho para chegar lá e para ser reconhecido no futuro, mas o que eu quero é viver um dia de cada vez e cumprir com o meu trabalho. Claro que a gente fica feliz pelo reconhecimento das pessoas.

O tempo da política está cada vez mais em cima da hora tem uma decisão e de fato é cedo para falar de 26. Agora, o reconhecimento, claro, que nos deixa feliz e acho que lá na frente eu vou ter experiência. Primeiro a trajetória na prefeitura possibilita isso e vou ter idade também. Vou ter a idade é possível para tomar uma decisão, isso é um ponto importante. Vou chegar em 2026 no auge dos meus 32, 33 anos para poder tomar uma decisão. Não vou tomar uma adesão isolada, jamais vou tomar uma adesão pensando em mim. Quem entra na política, muitas vezes, deixa de governar sua própria vida, você passa a governar a a vida de tanta gente, mas você não deve tomar a decisão de si.

"Se todo dia eu fizer meu dever de casa bem feito, no final da caminhada a tendência é terminar com uma boa tarefa realizada e com reconhecimento das pessoas".

Críticas
Recentemente, viralizou nas redes sociais um corte de vídeo em que João Campos aparece anunciando a entrega de uma faixa de pedestres. As imagens, compartilhadas principalmente entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, foram tiradas de contexto, já que o resto do vídeo mostrava o prefeito vistoriando obras do programa Calçada Legal e pintura de outras faixas na Cidade.

"Tudo na vida parte de escolha. Tem gente que escolhe entrar na política ou na vida pública para desconstruir os outros, para buscar aparecer na agressão gratuita. Eu não escolhi esse caminho. Fico feliz com o engajamento, mas eu boto o trabalho e a entrega na frente disso. Então eu tenho uma cidade para cuidar, eu tenho 1 milhão e meio de pessoas para cuidar, 106 mil alunos para educar dentro da escola, mais de 350 unidades de saúde para cuidar. Eu estou aqui para fazer o dever de casa bem feito e para trabalhar sem precisar crescer ou tentar crescer botando ninguém para baixo.

Eu acho que essas práticas políticas de querer, enfim, lacrar a todo o custo e principalmente com base em agressão ou diminuição das pessoas, isso não é o que eu acho que faz bem para ninguém e muito menos é o que eu acho que no futuro da política as pessoas vão querer."

PSB nacional
Vice-presidente do PSB Nacional, João Campos prospectou as eleições internas do partido, previstas para maio do próximo ano. Ele deve assumir a presidência do partido.

"É algo que, enfim, eu fico feliz de participar. Hoje como vice-presidente nacional acompanho tudo muito próximo ao presidente Carlos Siqueira, que, por sinal, tem feito um trabalho muito importante, um trabalho muito bem feito, muito responsável. Uma construção dessa naturalmente só será feita num sentimento de unidade de partido, de construção com as demais forças e pela liderança do presidente Carlos Siqueira"

Renúncia de ICMS
No final de 2023, em entrevista à Folha de Pernambuco, o prefeito João Campos falou sobre a renúncia de R$ 7,5 milhões da receita anual do Recife para apoiar 23 pequenos municípios pernambucanos, com menos de 30 mil habitantes, que enfrentavam dificuldades orçamentárias

Na ocasião, o gestor defendeu que a conta era "muito justa", uma vez que o valor representava pouco para o Recife e muito para os municípios. Ele também citou que esse valor representava menos de 1% do arrecadado pelo Recife com ICMS.

Agora, João foi questionado sobre os resultados dessa ação. Ele disse que esse movimento foi importante e não impactou a arrecadação da Cidade, como esperado.  

"Disse que a própria arrecadação do Recife superaria isso. Superou. A gente deve ter tido de ISS próximo a R$ 100 milhões a mais de arrecadação de um ano para o outro. É aquela história: faça o bem que depois isso volta e volta maior. A gente abriu mão de R$ 7 milhões para hoje ter uma arrecadação muito maior do que foi a do ano anterior. Esse ano a gente chega a marca de quase R$ 1 bilhão em investimentos, o maior valor da história do Recife.

O povo e Deus não conferiram essa chance aqui a gente para estarmos fazendo conta pequena. Eu sou muito grato, pelo acho que é a maior alegria da minha vida que é poder governar a nossa cidade. Eu sou muito grato a isso. Uma conta de R$ 7 milhões é importante para o Recife, mas numa receita de quase R$ 10 bilhões que o Recife tem, a gente por conta de R$ 7 milhões vai deixar de fazer um um gesto de abrir mão disso para os outros municípios fecharem a conta deles? Vamos fazer isso, lá na frente, no pior cenárion pelo menos Deus está vendo"

Relação com demais municípios da RMR
Capital de uma região metropolitana com mais de 4 milhões de habitantes, o Recife se coloca como protagonista no debate de problemas intrínsecos a essa parcela do Estado. Perguntado sobre a relação da Capital com os prefeitos e prefeitas das demais cidades, João Campos reforçou a importância de entender e respeitar as competências de cada uma. 

"Historicamente a gente tem visto, principalmente no tempo mais recente, um enfraquecimento dessa construção de interlocução metropolitana. É importante a gente ter clareza do que é competência de cada um, não é papel de um município coordenar o outro, seria até uma é uma uma soberba propor isso. O meu papel sempre é muito colaborativo, inclusive na nossa gestão agora a gente vai ter duas posições de interlocução metropolitana mais robustas para entender porque o fato é que grande parte dos serviços do Recife são utilizados e consumidos por outras cidades".

É o caso, por exemplo, do Hospital da Mulher do Recife. Segundo João, em alguns meses, a unidade de saúde registra mais da metade de partos de mulheres que são de fora da Capital pernambucana. 

"Teve um mês até que nasceu mais gente de Caruaru do que do Recife no Hospital da Mulher do Recife"

Em áreas límitrofes, o desafio é ainda maior. João Campos adiantou que haverá espaços para esses debates metropolitanos nas secretarias de Relações Institucionais e de Desenvolvimento Urbano. 

"Os secretários terão uma atuação de interlocução metropolitana para que a gente discuta de áreas limítrofes a serviços compartilhados que são feitos, que a gente busque a melhor solução"

Relação com o PT
João Campos falou sobre a relação com o PT. Ele foi questionado se há alguma dificuldade em lidar com o partido.

"Eu sempre digo que cada partido tem uma dinâmica própria, tem um jeito de funcionar, tem um jeito de decidir, de construir. O PT é o maior partido do Brasil. Você pode até não concordar, mas tem que entender e tem que respeitar. Eu respeito a forma como os partidos funcionam. Tem a relação política e tem a cobrança de entregar resultado na gestão. Tem nosso respeito, mas tem a cobrança. Não tenho tido problema não".

Relação com a Câmara de Vereadores
A próxima legislatura na Câmara dos Vereadores do Recife terá uma composição ainda mais governista, com 15 nomes aliados — essa fração representa 40,5% da composição da Casa, um dos maiores números entre as capitais brasileiras.

"A gente teve um grande resultado municipal. Se você for ver a bancada dos partidos da base do governo representam um quantitativo bastante relevante de vereadores. É importante destacar que a maior proporção de uma bancada para Câmara do Brasil é aqui no Recife. É um número igual ao de Maceió, que tem 40% também.

Naturalmente a gente vai ter uma participação com muito respeito. Eu digo sempre e reforço isso porque, na Constituição, diz que os poderes devem ser independentes e harmônicos. Então, às vezes, o Brasil lembra só da independência e esquece da harmonia. Eu acho que a gente tem que lembrar um pouco mais da harmonia, os poderes tem que ser mais harmônicos entre si e aqui no Recife a gente tem feito isso".

Sobre a oposição, João afirmou que é um movimento normal da democracia.

"No dia que você não tiver oposição, você possivelmente também não vai estar mais no regime democrático. Então o que eu espero só é um trabalho responsável e respeitoso. Para fazer oposição não significa você ser irresponsável e nem você ser desrespeitoso".

Democracia
João Campos também respondeu como enxerga o atual momento da democracia no País, no contexto de ataques, como os ataques aos Três Poderes de 8 de janeiro de 2023 em Brasília.

"Acho que a gente ainda vive uma uma transição. Muito se foi visto de riscos institucionais, mas você ainda tem muita disfunção. Acho que, de maneira geral, quanto mais as instituições tiverem fortalecidas e harmônicas. Muito problema se dá quando se tem avanços de competência ou briga por protagonismos que não são inerentes à instituição, isso que cria desorganização.

Por isso que eu busco deixar muito claro a independência, a harmonia e a competência que cada um tem. O que eu vejo a nível no Brasil e aí não é uma coisa única do Brasil, é com as democracias no no mundo ocidental todo. A gente está passando por um momento de transição, meio que todo mundo questiona o modelo.

Não tem uma solução perfeita. Enquanto não tem a solução perfeita, a gente tem que ficar com aquela máxima de [Winston] Churchill, que dizia 'a democracia é o pior modelo, com exceção de todos os outros'. Pode até ser ruim, mas é melhor do que todos os outros. Tem que ter muito cuidado nesses momentos de transição, porque, normalmente, o ovo autoritário, é gerido no ventro democrático".

Recife no Mundo
Outro tema abordado por João Campos na entrevista foi o programa Recife no Mundo, que leva estudantes e professores da rede municipal para intercâmbio fora do País. Ele falou sobre os próximos passos do programa.

"A gente tem um compromisso de continuidade do programa. É impressionante o sucesso que é. O meu pai foi o primeiro no Estado a fazer, enquanto governador, de Ensino Médio. No nosso, os alunos são mais novos, a gente passa um mês e num summercamp universitário, uma exigência que eu fiz. 

Muitas vezes esse esse aluno não tem nenhum parente ali dentro de casa com ensino superior. Quando ele passa um mês na universidade, ele vai dizer 'não, esse lugar aqui é para mim, eu vou voltar aqui para fazer meu curso ou eu vou voltar para o Recife e vou fazer o que eu quiser na universidade lá'.

A gente conseguiu fazer esse modelo e a gente vai dar continuidade a ele".

Admiração das crianças
Em relação à admiração de crianças, comum nas redes sociais e nas ruas, João Campos afirmou que fica encantando por validar que esse é um bom indicativo de que está no caminho certo. 

"A criança, o jovem é muito puro, muito esperançoso. Então quando você tem um público como esse que, às vezes não tem nem noção do que a política direito, mas tem essa admiração, gosta, eu acho que é um sentimento de que você está indo num caminho certo, de que você está conseguindo falar com o futuro que é falar com a criançada, com a juventude e trabalhar por ele. Se você pegar esse reconhecimento é porque eles veem melhoria também."

Ajuda aos clubes da Capital?
No começo deste ano, a Prefeitura do Recife fechou uma parceria inédita com Sport, Náutico e Santa Cruz. A gestão aportou R$ 1 milhão em cada um dos clubes, que investiram em contrapartidas para a sociedade com foco no fomento ao esporte da Capital. João Campos falou se há previsão de repetir o fomento em 2025. 

"A gente não abriu conversa ainda sobre o ano que vem, mas vamos ver na virada do ano. Podemos reciclar esse momento com os clubes. Quando a gente pode ajudar temos que fazer inclusive chegar ao ponto de ajudar até o time que a gente não torce. Eu disse que depois que eu virei prefeito eu deixei de ser só alvirrubro.

Eu digo assim: quem é do Recife quando ganha para quem é de fora, eu tenho obrigação de ficar feliz."

Mensagem de fim de ano
Ao desejar um 2025 de paz, saúde e realização, João Campos deixou registrada uma mensagem de fim de ano à população recifense.

"Tenham certeza que eu estou mais animado do que nunca para fazer um grande governo, para seguir trabalhando pelo Recife e fazer o que eu gosto, que é cuidar do Recife com alegria, com leveza, estando na rua e podendo trabalhar sério, mas sempre levar uma leveza para nossa Cidade, os avanços e as conquistas. 

Que Deus possa abençoar a nossa Cidade, que Deus possa abençoar as nossas famílias e que, principalmente, dê a todos vocês um ano de muita esperança. Feliz 2025, vamos 'simbora' que eu estou pronto para mais!"

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