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PEÇAS SAUDITAS

Joias de Bolsonaro: PF afirma que documento reforça participação de Wajngarten em esquema

Ex-presidente assinou procuração autorizando transporte de presente, inclusive fora do país; ex-secretário nega irregularidades

Fabio WajngartenFabio Wajngarten - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) afirmou ao Supremo Tribunal Federal ( STF) ter descoberto um documento que reforçaria a participação de Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social do governo de Jair Bolsonaro, no suposto esquema de desvio de joias do acervo presidencial. De acordo com a PF, Wajngarten foi responsável por trazer para o Brasil um dos presentes.

Wajngarten já estava na lista de 12 pessoas que foram indiciadas pela PF em julho do ano passado. Ele afirma que atuou apenas como advogado de Bolsonaro.

“Em nenhuma hipótese há qualquer envolvimento de minha parte além do assessoramento técnico que desde o primeiro momento foi de depositar tudo junto ao TCU cumprindo à determinação da época, bem como responder às questões de mídia e comunicação”, disse em nota.

O ex-presidente também afirma que não houve nada de ilegal.

A PF encontrou, no celular de Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, uma procuração assinada pelo ex-presidente que autorizava Wajngarten a "retirar e transportar, por quaisquer meios e quaisquer rotas (inclusive internacionais)" os itens que faziam do chamado "kit ouro rosé": um relógio, um anel, uma caneta e um par de abotoadura e um masbaha (rosário arábe).

De acordo com a PF, esse documento contradiz a versão, apresentada por parte dos investigados, de que os presentes estavam na fazenda do ex-piloto Nelson Piquet, em Brasília.

"Chama a atenção que o documento ressalta a possibilidade de utilização de rotas internacionais para proceder a devolução das joias, fato que ratifica a ciência de que os bens desviados do acervo público estavam no exterior, contrariando as afirmações dos investigados de que os bens estariam no acervo do ex-presidente Jair Bolsonaro", afirma a PF.

A investigação já havia encontrado passagens aéreas de ida e volta de Wajngarten para Orlando, nos Estados Unidos, em março de 2023, quando ele teria trazido o kit para o Brasil. O retorno dessas e outras peças ocorreu após o Tribunal de Contas da União (TCU) determinar a entrega dos presentes.

"Os novos elementos de prova identificados ratificam a conclusão descrita no relatório final n° 1093118/2024, demonstrando que Fabio Wajngarten, dentre os integrantes do grupo investigado, foi designado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para transportar, de forma oculta, as joias do denominado 'Kit Ouro Rose', desviado do acervo público brasileiro", afirmou a PF.

O documento ainda diz que os atos de Wajngarten "não guardam qualquer relação com as prerrogativas da advocacia", apesar de ele estar habilitado como um dos defensores de Bolsonaro.

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