Jornalista gaúcha propõe cancelar marcha dos prefeitos e irrita CNM. Confira os bastidores
Segundo ela, essas marchas geralmente acabam em resultados pálidos, virando mais um encontro de confraternização, com discursos que não têm qualquer consequência.
A jornalista Rosane Oliveira, do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, provocou a ira do presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, ao sugerir em sua coluna o cancelamento da Marcha dos Prefeitos ao longo desta semana, em Brasília. “Com o Rio Grande do Sul duramente afetado pela enchente, seria razoável que a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) cancelasse a Marcha dos Prefeitos a Brasília. Seria uma manifestação de respeito aos prefeitos gaúchos, que não podem (e não devem) abandonar suas cidades em meio à crise”, escreveu a jornalista.
Segundo ela, essas marchas geralmente acabam em resultados pálidos, virando mais um encontro de confraternização, com discursos que não têm qualquer consequência. “No caso dos prefeitos gaúchos, aqueles que já receberam diárias para participar do encontro deveriam devolvê-las imediatamente, em respeito aos cidadãos que estão nos abrigos ou nas casas de parentes”, acrescentou.
Adiantou que não é preciso ir a Brasília expor as necessidades dos municípios: “O governo federal tem uma sucursal em Porto Alegre, com um ministro dedicado a cuidar dos planos de recuperação e uma equipe pronta para receber as demandas em reuniões individuais ou em grupo”, pontuou. “Com o Aeroporto Salgado Filho fechado, dependendo da região, o prefeito ainda teria de fazer longos deslocamentos para tomar um voo rumo a Brasília”, acrescentou.
Pelo portal da transparência de São José dos Ausentes, o portal a colunista descobriu um adiantamento de R$ 100 mil em diárias para a comitiva, que inclui o prefeito, assessores e secretários. Ouvido, o presidente da CNM diz que os prefeitos dos municípios atingidos pela enchente não podem se contentar com as migalhas oferecidas pelo governo federal ou com as emendas parlamentares e que se gastarem R$ 100 mil com a viagem, compensa, porque vão receber retorno muito maior.
Ziulkoski atribuiu à Marcha dos Prefeitos até mesmo a decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, que suspendeu por 60 dias a liminar obtida pelo governo para retomar a cobrança da alíquota de 20% do INSS das prefeituras. Com isso, os municípios terão a desoneração por pelo menos mais dois meses e seguirão pagando 8%.