Kalil recusa apoiar reeleição de prefeito de BH, seu antigo vice, e migra para o Republicanos
Após fazer campanha para Lula, ex-prefeito trocará o PSD por partido dirigido por Marcos Pereira, que mira o comando da Câmara. Plano envolve candidatura ao governo de Minas
O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil decidiu trocar o PSD, seu atual partido, pelo Republicanos. Com isso, não apoiará seu antigo vice, Fuad Noman (PSD), atual prefeito da capital mineira, na campanha à reeleição em 2024.
A decisão de Kalil foi sacramentada em jantar com o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira, na noite desta quinta-feira, e já foi comunicada à cúpula local do PSD.
Leia também
• Ex-deputado se revolta e dá tapa em computador de hospital, enquanto aguarda atendimento, no DF
• Ciro chama PT de "mal maior" e cita ligações de Lula com União Brasil
• Abin: Ramagem tinha levantamento de procuradores considerados "contrários" ao governo Bolsonaro
"Kalil nos avisou hoje pela manhã que fez a opção pelo Republicanos, que garantiu a ele uma candidatura ao governo de Minas em 2026" relatou ao Globo o deputado federal Cássio Soares, presidente do diretório estadual do PSD em Minas.
Com a mudança de partido, Kalil entrará na campanha à prefeitura do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que lidera as pesquisas na capital mineira.
O ex-prefeito já vinha expressando descontentamento com o PSD desde o ano passado, e tinha uma relação de altos e baixos com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, principal cacique do partido em Minas e maior fiador da candidatura de Fuad.
Interlocutores de Kalil e de Fuad confirmaram ao Globo que pesou na decisão do ex-prefeito, de mudança de partido, a possibilidade de concorrer ao governo de Minas.
A avaliação é de que o caminho estava bloqueado no PSD, onde Pacheco tende a concorrer ao Executivo estadual em 2026.
Outro nome visto como plano B do partido para se lançar a governador é o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, de quem Kalil é desafeto.
Kalil acolheu Fuad como vice em sua chapa ao concorrer à reeleição na prefeitura de BH, em 2020.
Ele renunciou à cadeira em meados de 2022 para disputar o governo de Minas, abrindo palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no estado.
No entanto, foi derrotado em primeiro turno pelo governador reeleito Romeu Zema (Novo).
O ex-prefeito já havia frisado, em mais de uma ocasião, que não tinha compromisso de apoiar à reeleição de Fuad, que herdou a prefeitura em 2022, pelo fato de o antigo vice também não ter se engajado em sua última campanha ao governo estadual.
Na ocasião, embora tenha deixado a prefeitura com boa aprovação, Kalil foi derrotado em BH por Zema.
Integrantes da campanha de Fuad vinham tentando reaproximar Kalil do atual prefeito, para convencê-lo a apoiar a reeleição.
Kalil e Fuad chegaram a se falar por telefone após o atual prefeito anunciar que estava em tratamento contra um câncer.
Integrantes do PSD se disseram pegos de surpresa com a mudança de partido de Kalil, já que havia a expectativa por um encontro entre ele e aliados de Fuad na próxima semana, justamente para discutir sua entrada na campanha.
O movimento também pode contribuir para aproximar o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, do governo Lula. Pereira se articula para concorrer à presidência da Câmara em 2025 e tenta construir pontes com o Palácio do Planalto.
Nos últimos meses, ele tem promovido mudanças em diretórios regionais do partido de olho em facilitar este trânsito. No Rio, por exemplo, Pereira trocou um bispo da Igreja Universal e delegou o comando da sigla ao prefeito de Belford Roxo, Waguinho, um dos poucos gestores fluminenses que são aliados de Lula.