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Kassab diz que PSD "está dividido" sobre anistia, mas não ficará contra urgência do texto

Cacique partidário afirma que está "na fase de ouvir" diferentes opiniões sobre o tema; Paes descarta apoio da bancada do Rio

O presidente do PSD Gilberto Kassab O presidente do PSD Gilberto Kassab  - Foto: Celso Silva/Governo do Estado de SP

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, afirmou nesta sexta-feira que o partido "está dividido" sobre o tema da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, alvo de diferentes projetos na Câmara dos Deputados. Kassab disse que ele próprio ainda não formou posição sobre o tema, mas avaliou que "fica difícil" votar contra o pedido de urgência para o texto, articulado pela bancada do PL, caso outras grandes bancadas na Câmara, como PP e Republicanos, formalizem apoio ao requerimento.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se envolveu diretamente em tratativas para atrair o apoio do PSD à anistia -- que, embora não afete juridicamente a denúncia na qual se tornou réu pela tentativa de golpe, é vista como um possível trunfo a seu favor.

Na semana passada, o vice-líder do PSD na Câmara, Reinhold Stephanes (PSD-PR), assinou o requerimento do pedido de urgência, para que o projeto entre na pauta da Casa.

— O PSD está dividido, o que é normal. Cada um tem suas posições, e eu estou ainda na fase de ouvir. Na hora certa, estarei alinhado com o líder do partido, dentro do que for decidido — disse Kassab, que participou de um encontro do PSD no Rio nesta sexta.

O líder do PSD na Câmara, Antonio Brito (PSD-BA), tem sinalizado que aguarda um direcionamento do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre o tema junto aos demais líderes.

Até aqui, não vingou uma tentativa do PL de atrair a assinatura dos demais líderes ao pedido de urgência, o que representaria um apoio das bancadas como um todo.

Além do PSD, partidos com grandes bancadas, como Republicanos, PP e MDB, têm evitado endossar a urgência à anistia, por entenderem que é um tema controverso e que tende a abrir arestas com o Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelas condenações.

— A partir do momento em que PL, PP e Republicanos formalizarem apoio ao regime de urgência, fica difícil para o PSD ficar contra. Mas isso (pedido de urgência) não significa voto no mérito do projeto —frisou Kassab.

Presente ao encontro com Kassab, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), afirmou ser contrário à anistia, e defendeu que os deputados do partido no Rio não endossem o projeto. Aliado do presidente Lula (PT), Paes afirmou ter "respeitado as decisões do Judiciário" mesmo na Operação Lava-Jato, quando, segundo o prefeito, "parecia haver algum tipo de perseguição política".

-- Não acho que tem que ter anistia. Acho que a Justiça tem que julgar com seriedade, imparcialidade e tranquilidade. A bancada do Rio não assinará projeto nenhum de anistia. Vamos respeitar as decisões da Justiça — disse Paes.

O encontro desta sexta-feira, em um hotel na Zona Sul do Rio, que reuniu Paes, Kassab e Brito, foi organizado pelo deputado federal Pedro Paulo, presidente do diretório estadual do partido. O evento também contou com vereadores do PSD e com deputados estaduais e federais do partido.

O objetivo é articular a sigla para as eleições de 2026, quando há a expectativa no PSD de que Paes deixe a prefeitura para concorrer ao governo estadual.

Ele, por ora, nega ter este plano.

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