Kassio e Mendonça são 20% do que gostaria de ver decidido no STF, diz Bolsonaro
A declaração do presidente ocorreu logo após ele receber Mendonça em seu gabinete
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (2) que os dois nomes indicados por ele ao STF (Supremo Tribunal Federal), Kassio Nunes Marques e André Mendonça, representam 20% do que gostariam de ver decidido na corte.
"Não mando nos dois votos do Supremo, mas são dois ministros que representam, em tese, 20% daquilo que gostaríamos que fosse decidido e votado no STF", disse Bolsonaro, durante cerimônia do lançamento do auxílio-gás no Palácio do Planalto.
Em novembro, o chefe do Executivo disse que tinha 10% dele dentro do STF devido à presença do ministro Kassio. O Supremo é composto por 11 integrantes –Mendonça ocupará a vaga de Marco Aurélio, que se aposentou compulsoriamente em julho por completar 75 anos.
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Nesta quinta, Bolsonaro disse que os dois ministros indicados por ele representarão uma "renovação" na corte. Sem citar nomes, afirmou que "alguns acham que são eternos, [mas] ninguém é eterno".
"Graças a Deus nós conseguimos enviar não para o Supremo, mas em um primeiro momento para o Senado Federal, e foram aprovados, dois nomes, duas pessoas que marcam também a renovação do Supremo. Renova-se o Executivo, o Legislativo, e o Supremo também é renovável", disse.
A declaração do presidente ocorreu logo após ele receber Mendonça em seu gabinete, ao lado do vice-presidente Hamilton Mourão, e gravar um vídeo em que fala da indicação do nome que ele define como "terrivelmente evangélico".
O ex-advogado-geral da União chegou pela manhã ao Planalto, quando Bolsonaro ainda estava no Rio de Janeiro. Disse a jornalistas no local que havia ido para dar um abraço no presidente, quando fora informado de sua ausência.
A posse do novo ministro do Supremo foi marcada para 16 de dezembro, véspera do recesso do Judiciário. Integrantes do Congresso e do STF adotam cautela quanto à postura do novo ministro na corte, e o Planalto aposta numa melhora do diálogo.
Na quarta-feira (2), Mendonça foi aprovado no Senado por 47 favoráveis –o menor número registrado de apoios dentre as votações que levaram os ministros atuais para o STF.
O ex-ministro da Justiça aguardou quase cinco meses para ser sabatinado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), onde enfrentou resistência do presidente do colegiado, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Apesar dos elogios e da celebração de Bolsonaro, não foi o governo o principal fiador de Mendonça no Senado. Ele contou com o apoio sobretudo de líderes evangélicos, que pressionaram parlamentares, em especial Alcolumbre, para garantir a análise do segundo indicado do chefe do Executivo.