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Golpe

"Kids pretos" desistiram de matar Moraes no dia previsto porque cúpula do Exército não aderiu plano

Ação foi cancelada após informação de que Freire Gomes e outros generais não embarcaram em ofensiva

O ministro Alexandre de Moraes seria morto no dia 15 de novembro de 2022O ministro Alexandre de Moraes seria morto no dia 15 de novembro de 2022 - Foto: Gustavo Moreno/STF

O relatório da Polícia Federal aponta que o plano para matar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no dia 15 de dezembro de 2022 foi cancelado após a cúpula do Exército se negar a aderir à tentativa de golpe.

“Apesar de todas as pressões realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, diz o relatório.

A negativa de adesão teria ocorrido no dia 15 de dezembro, data em que um grupo de seis pessoas monitorava os passos de Moraes, por Brasília, na intenção de executar o plano.

Nesse dia, Bolsonaro recebeu Freire Gomes, comandante do Exército, no Palácio do Planalto. Naquele dia, Mario Fernandes, então número dois da Secretaria-Geral, havia enviado um áudio ao general Ramos, titular da pasta, mostrando otimismo na adesão das Forças Armadas.

“Kid preto, algumas fontes sinalizaram que o comandante da Força sinalizaria hoje, foi ao Alvorada para sinalizar ao presidente que ele podia dar ordem”, disse Fernandes.

Gomes, no entanto, frustrou os planos do grupo e não aderiu aos planos golpistas, segundo relatório da PF.

Monitoramento
Naquele mesmo dia, a PF registrou os passos do grupo de seis pessoas que tinham como objetivo matar ou prender Moraes

Esse grupo, segundo a PF, fez uso de carros de aplicativos e celulares descartáveis, com a intenção de esconder evidências, e acabou abortando a missão. Eles também usaram codinomes com nomes de países, como “Brasil”, “Alemanha” e “Japão”, na tentativa de preservar seus nomes.

“Os elementos de prova apresentados demonstram que a ação clandestina realizada pelos investigados tinha como alvo o ministro Alexandre de Moraes, sendo a equipe de seis pessoas, conforme previsto no planejamento “Punhal Verde Amarelo”, dividida em pontos estratégicos próximos ao Supremo Tribunal Federal, a residência funcional do ministro”

Moraes mandou para a Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório da Polícia Federal do inquérito que apura a trama golpista para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que indiciou 37 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira.

O envio à Procuradoria ocorre após o ministro do Supremo, que é o relator da investigação, analisar o documento com mais de 800 páginas. Com o encaminhamento ao Ministério Público Federal (MPF), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, passa a analisar o material para elaborar a sua manifestação sobre uma eventual denúncia contra os investigados, arquivamento do caso ou pedido de novas diligências.

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