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Justiça

Laudo da PF revela detalhes da morte do homem-bomba em Brasília

Documento de 66 páginas diz que morte ocorreu por "traumatismo cranioencefálico" e descarta hipótese de tiro

O autor do atentado a bomba à sede do Supremo, segundo investigações, tinha como alvo Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre os atos golpistas de 8 de janeiroO autor do atentado a bomba à sede do Supremo, segundo investigações, tinha como alvo Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre os atos golpistas de 8 de janeiro - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A perícia da Polícia Federal apontou que Francisco Wanderley Luiz, o homem-bomba que lançou artefatos em direção ao Supremo Tribunal Federal (STF) e depois se explodiu, buscava provocar um "efeito dominó" com a sua morte e desencadear uma “série de eventos futuros". Essa conclusão consta do laudo necroscópico, de 66 páginas, produzido pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC) da Polícia Federal.

Os peritos destacaram a camisa que ele vestia por baixo do terno verde com referência ao personagem Coringa — a vestimenta mostra um homem empurrando uma fila de peças de dominó. Segundo a perícia, a "vítima se enxergava" como alguém "cujo papel seria servir como gatilho e, através da própria morte, deflagrar uma reação em cadeia”. Os peritos avaliam que a simbologia da camisa, com um “efeito dominó”, era ainda mais "literal e evidente" do que o terno inspirado no Coringa, vilão dos filmes do Batman.

"Ou seja, podemos interpretar na escolha dessa camisa a intenção de passar uma mensagem, a de que a vítima não considerava a própria morte como um ato isolado, mas sim dentro de um contexto e conectada a uma série de eventos futuros. Mais precisamente, desencadeando essa série de eventos", diz o texto.

Os peritos concluíram que o homem se matou por "traumatismo cranioencefálico" provocado por exploração. Segundo a reconstituição, ele segurou a bomba caseira contra a sua cabeça. "O artefato estava em contato com a pele, provavelmente sendo pressionado contra ela", afirma o laudo.

Além dos exames de tomografia e a reconstrução 3D do crânio, os técnicos também examinaram o corpo de Wanderley em busca de algum indício de tiro, o que não foi detectado. Bolsonaristas disseminaram nas redes sociais o boato de que ele poderia ter sido alvejado.

"Além disso, mesmo sendo a ação explosiva suficiente para explicar todas as lesões da cabeça, foi feita exaustiva investigação dessa região no sentido de excluir a ação concomitante de um disparo de arma de fogo", diz o documento.

Após o exame necroscópico, a perícia deve elaborar o laudo sobre os locais do crime - foram recolhidos material na Praça dos Três Poderes, no estacionamento do Anexo 4 da Câmara e na casa alugada por Wanderley em Ceilândia. Amostras de sangue e urina estão sendo analisadas pela Polícia Civil do Distrito Federal para constatar se o homem estava sob influência de alguma substância psicoativa.

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