LEVANTAMENTO

Levantamento aponta o que apoiadores de Milei e Bolsonaro têm em comum

Levantamento do "Monitor do debate político", da USP, ouviu 498 bolsonaristas no domingo

Manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo (à esquerda) e eleitores do presidente da Argentina Javier Milei durante a campanha (à direita) Manifestantes apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro neste domingo (à esquerda) e eleitores do presidente da Argentina Javier Milei durante a campanha (à direita)  - Foto: AFP

Pautas ligadas ao liberalismo econômico e a desconfiança no processo eleitoral unem apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente eleito da Argentina, Javier Milei.

É o que revela um levantamento do grupo de pesquisa "Monitor do debate político", da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), que ouviu 498 apoiadores do ex-presidente durante a manifestação contra o Supremo Tribunal Federal (STF), na Avenida Paulista, no último domingo.

O estudo compara as respostas dos bolsonaristas com as coletadas com eleitores de Milei antes do primeiro turno das eleições. Para 87% dos apoiadores do argentino, auxílios do governo "desestimulam as pessoas a trabalhar", pensamento compartilhado por 82% do eleitorado de Bolsonaro.

Ao menos 70% dos entrevistados — tanto em São Paulo como em Buenos Aires — afirmaram concordar que leis trabalhistas "mais atrapalham o crescimento das empresas do que protegem os trabalhadores" e que o governo "não deve pagar por todas as necessidades do povo".

A desconfiança com o sistema eleitoral também é alta em ambos os grupos. Apenas 6% dos apoiadores de Bolsonaro afirmaram que a votação no Brasil é confiável. A mesma resposta foi dada por 28% dos argentinos ouvidos.

Outro ponto de semelhança ideológica está na forma de consumo de notícias. Bolsonaristas (98%) e mileistas (96%) concordaram que "a internet permite descobrir verdades que os jornais e a TV querem esconder". A tese que "os direitos humanos atrapalham o combate ao crime" também foi amplamente aprovada, já que 81% dos apoiadores do ex-presidente brasileiro disseram concordar com a ideia, enquanto 71% dos entrevistados em Buenos Aires deram a mesma resposta.
 

A pesquisa aponta menor convergência entre os eleitorados em questões relacionadas à pauta de costumes. Questionados se as escolas "ensinam temas que contrariam os valores da família", 84% dos bolsonaristas afirmaram concordar, contra 64% dos entrevistados na Argentina.

Veja a tabela completa de comparação entre os resultados:

Tabela mostra o resultado da pesquisa coordenada por pesquisadores da USP Tabela mostra o resultado da pesquisa coordenada por pesquisadores da USP — Foto: Monitor do debate político

13 mil pessoas na Paulista
A manifestação na Avenida Paulista realizada neste domingo reuniu 13.321 pessoas, segundo o "Monitor do debate político". A mesma metodologia foi usada para estimar em 32.691 mil pessoas o público presente no ato de apoio a Bolsonaro na mesma Avenida Paulista, em 7 de Setembro de 2022, a última grande manifestação em favor do ex-presidente que havia sido realizada no local. Ou seja, em pouco mais de um ano, houve uma redução de mais da metade do público cativo nesse tipo de ato.

A manifestação se concentrou essencialmente em um quarteirão em frente ao Masp e contou com apenas um trio elétrico, onde parlamentares e lideranças religiosas discursaram. O ex-presidente Bolsonaro não esteve presente no domingo, mas publicou a convocação em seus perfis nas redes sociais.

Bolsonaro fez um vídeo na semana passada e chegou a dizer ao pastor Silas Malafaia, organizador do ato, que iria. Mas deixou o Rio de Janeiro na manhã de domingo e seguiu diretamente para Brasília, como antecipou o colunista do GLOBO Lauro Jardim.

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