Líder do governo diz que comissão deve pedir compartilhamento de inquérito a Moraes
Senador Randolfe Rodrigues se reuniu com o ministro Alexandre Padilha
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira (26) que, uma vez instalada, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos atos golpistas do 8 de janeiro deve pedir ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o compartilhamento das informações do inquérito que está na Corte para apurar os ataques aos Três Poderes e os envolvidos.
"Considero fundamental, e tenho certeza, a CPMI instalada, a direção eleita, uma das primeiras agendas será com o ministro Alexandre de Moraes para pedir o compartilhamento das informações, para saber até onde estão indo as investigações. É indispensável que essa CPMI não tenha investigados. Não vamos tolerar agentes que são objetos de investigação, seja de onde forem, como membro de CPMI."
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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve determinar, em sessão do Congresso marcada para as 12h a instalação da CPMI. Pacheco vai ler o requerimento de abertura do colegiado e, depois disso, os líderes partidários irão indicar os integrantes.
O líder do governo no Congresso se reuniu com o ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto, e tratou, entre outros temas, da CPMI. O senador, no entanto, não disse os nomes que serão indicados pelo governo e pela base aliada para o colegiado.
— Primeiro, é importante nós termos tranquilidade sobre a maioria. A maioria desta CPMI será pró-investigação. E tenho certeza que estamos convocando o melhor dos nossos times. A gente estava hesitando entrar em campo, mas já que estamos sendo chamados para entrar, tenho certeza que os jogadores serão os melhores — afirmou Randolfe.
Incialmente, o governo tentou barrar a instalação da CPMI dos atos de 8 de janeiro sob o argumento de que iria atrapalhar as pautas prioritárias para o Palácio do Planalto no Congresso Nacional e que o colegiado não seria necessário, uma vez que as autoridades competentes já investigavam os atos terroristas.
A divulgação das imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto, no entanto, criou uma "nova situação política", segundo o ministro Padilha, e fez com que o governo orientasse os seus líderes da Câmara, José Guimarães, do Senado, Jaques Wagner, e do Congresso Nacional, Randolfe Rodrigues, assim como os partidos da base aliada, a apoiarem a instalação da CPMI.
As imagens mostraram o então ministro Gonçalves Dias, do Gabinete de Segurança Institucional, e seus agentes no Palácio do Planalto durante a invasão sem apresentar resistência aos golpistas. Um dos militares, inclusive, aparece distribuindo água para os bolsonaristas. GDias, como é conhecido o ex-ministro, pediu demissão do cargo após a divulgação das gravações. O GSI é responsável pela segurança dos palácios presidenciais.
— Compreendemos que a CPMI pode dar uma contribuição muito importante para que a gente possa chegar nos financiadores, em agentes políticos que participaram da própria execução e dos mentores dos atos de 8 de janeiro — afirmou Randolfe nesta quarta-feira.
Randolfe também não indicou quais membros da gestão anterior serão convocados pela CPMI, mas citou a convocação do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, como algo "inevitável". No dia dos ataques, Torres era secretário de segurança do Distrito Federal e estava nos Estados Unidos. Ao longo das investigações, a Polícia Federal encontrou uma minuta golpista para invalidar o resultado eleitoral na casa do ex-ministro durante uma operação.
Há, ainda, a expectativa de que o general Braga Netto, que foi ministro de Bolsonaro e o vice na sua chapa nas eleições do ano passado também seja convocado, assim como o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
— Temos etapas. Primeiro, a leitura do requerimento, depois a indicação dos membros e ai vai ter um rol de nomes a serem convocados — afirmou Randolfe, completando: — Por óbvio, o ex-ministro da Justiça do governo anterior é um, por exemplo, que inevitavelmente tem que ser ouvido.
Randolfe ainda citou a formação de um grupo técnico com membros da Secretaria de Relações Institucionais e outros ministérios para dar "retaguarda" para a atuação dos parlamentares.