Líder do PT admite acordo por vaga no TCU
Odair Cunha disse que apoio do partido a Hugo Motta visa evitar acirramento da disputa na Câmara, que poderia prejudicar o governo
O líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), afirma que é importante que a bancada do partido, a segunda maior da Casa, seja respeitada com base no seu tamanho pela nova presidência e admite o acordo para que um petista seja indicado para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU).
A legenda anunciou nesta semana a adesão à candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB).
O TCU foi colocado no bojo desse conjunto de preocupações, intenções, que a bancada sente-se no direito de reivindicar. O TCU não foi um elemento central da decisão. A governabilidade e a estabilidade institucional com uma disputa menos acirrada na Casa foram fundamentais.
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A existência do acordo para que o PT indique o posto no TCU foi revelada pelo atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. Se não houver antecipação da aposentadoria dos atuais ministros, a vaga só deve ser aberta em 2026.
De acordo com o líder do PT, o partido ficará com a escolha do segundo cargo da mesa da Câmara, depois do PL. A expectativa é que a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro escolha a primeira vice-presidência, deixando aos petistas a opção da primeira-secretaria.
"O que o PT reivindica é que seu tamanho e seu espaço sejam respeitados. Que nós não sejamos vítimas de um processo de blocagem contra o PT. Porque se as forças se unem contra o PT, pode reduzir o papel e a importância do partido."
Cunha nega que o governo tenha atuado pela escolha de Motta, mas diz que o objetivo dos petistas foi garantir que as pautas da interesse da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tenham a tramitação prejudicada na Casa.
"Nós precisamos que o presidente da Casa tenha uma ação colaborativa nas pautas que interessam ao governo. E as pautas são as mais diversas possíveis. Levar essas pautas ao colégio de líderes é muito importante. O presidente da Casa tem muita força. A pauta é prerrogativa dele. Se ele se fecha para agenda do governo, cria problemas para o Executivo permanentemente."
O líder do PT afirma que o fato de Motta ter respaldo da oposição foi importante para evitar um acirramento que poderia atrapalhar o governo.
"Foi uma decisão de estabilidade, de menor disputa. Um processo de disputa permanente aqui na Casa poderia desvirtuar a força da nossa representação e trazer problemas na agenda que interessa ao governo. Ao compormos um bloco em que partidos da oposição estão presentes, significa que nós não vamos tratar o assunto da mesa diretora, do funcionamento da Casa, como um tema de disputa entre base e oposição."
Sobre o projeto de anistia dos presos por participação na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, Odair Cunha disse esperar que o tema seja resolvido ainda na gestão de Lira.
"A opinião da bancada é que nós somos contra a anistia. Ela é inconstitucional. E vamos trabalhar para derrotar o projeto. Não pode ter benefício constitucional quem atentou contra a Constituição. O que o presidente Arthur Lira assumiu é que esse tema será resolvido no mandato dele."
Segundo o líder do PT, se o tema voltar a ser tratado no ano que vem, com Hugo Motta, “o compromisso” é que a discussão ocorrerá de forma transparente no colégio de líderes
"É preciso ter clareza que nós estamos garantindo o funcionamento institucional e democrático da Casa. Quem tem posições diversas e diferentes pode colocar suas opiniões e quem tem maioria vence."